Título: Multigrain quer dobrar receita e estuda investir em etanol e biodiesel
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 31/08/2006, Agronegócios, p. B11

A Multigrain SA, joint venture formada este mês entre a trading brasileira Multigrain e a cooperativa americana CHS, tem planos ousados para sua estréia no mercado brasileiro. Nos próximos dois anos, a companhia pretende dobrar o seu faturamento, passando dos US$ 400 milhões alcançados pela trading brasileira em 2005, para US$ 800 milhões.

A Multigrain é uma das principais tradings de grãos do país, com unidades na região Sul e Sudeste, no Distrito Federal e nos Estados de Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso e Tocantins. Na formação da joint venture, a Multigrain entrou com seu patrimônio e a CHS, maior cooperativa americana, com capital de giro no valor equivalente ao da trading brasileira. Cada uma ficou com 50% de participação. O valor total da operação é mantido em sigilo.

Paulo Garcez, presidente da Multigrain, afirma que a expansão do grupo se dará com o aumento nas vendas de grãos. "A expansão se dará principalmente com a comercialização de soja e açúcar". O executivo também estima elevação nas vendas de trigo, milho e fertilizantes.

Para atender à expansão do volume comercializado, a empresa já faz investimentos na área logística. Até o fim do ano, o grupo conclui investimento de US$ 10 milhões na construção de um terminal - em parceria com a Cereal Sul Marítimo - no porto de Santos, para transbordo de trigo e cevada, que vai movimentar 500 mil toneladas por ano. A empresa também investe em um terminal para transbordo de soja no porto de Tubarão, em Vitória (ES). O valor do aporte é mantido em sigilo.

Stefano Rettore, que dirige a CHS no Brasil, diz que a joint venture deverá entrar nas áreas de álcool e biodiesel nos próximos anos. "Este é um mercado novo, com grande potencial de expansão e queremos conhecê-lo e ficar perto para investir no momento adequado", afirma.

De maneira individual, a CHS estuda fazer parcerias com outros grupos brasileiros que atuem com commodities agrícola. "É o primeiro investimento da cooperativa fora dos Estados Unidos e o primeiro no Brasil. Estamos avaliando possíveis parcerias no médio prazo", diz Rettore.

A CHS é a maior cooperativa agrícola nos EUA. Reúne 630 mil cooperados e movimenta 32 milhões de toneladas de grãos, entre vendas no mercado interno e exportações. A cooperativa também tem investimentos em refinaria de petróleo, dutos e distribuição de combustíveis. A CHS faturou US$ 11,8 bilhões em 2005 e US$ 10,2 bilhões nos primeiros nove meses do ano fiscal 2006.

De acordo com Rettore, a empresa estuda parcerias na Europa, China e no Japão. "São regiões com grande potencial de desenvolvimento, além do Brasil, que hoje possui o maior potencial de expansão agrícola nos próximos 20 ou 30 anos", afirma Rettore.