Título: Dólar mais caro a longo prazo preocupa varejistas
Autor: Serodio, Guilherme; Moura, Paola
Fonte: Valor Econômico, 22/05/2012, Brasil, p. A2

Empresários do setor de consumo estão preocupados com a possibilidade de o dólar ultrapassar os R$ 2. Reunidos no seminário Rio Investors Day, no Copacabana Palace no Rio, os executivos da AmBev, Lojas Americanas, Renner e B2W disseram estar protegidos com "hedge", mas não para um dólar muito alto e a longo prazo.

O diretor de relações com investidores da AmBev, Lucas Lira, disse que a empresa não vai sofrer o impacto da alta do dólar neste ano. De acordo com ele, a empresa possui hedge para os próximos 12 meses. No entanto, "se o dólar ficar nesse patamar de R$ 2 até o fim do ano, o dólar que, nos últimos anos tem tido um impacto positivo no nosso custo, vai se tornar um impacto negativo", afirmou. Segundo ele, o percentual dos custos da AmBev lastreados em dólar é de cerca de 40% no segmento de cervejas.

"Nosso desafio vai ser compensar isso [a alta da moeda americana] com medidas de produtividade ou com a queda de commodities como alumínio, cevada ou açúcar. Mas como temos hedge de 12 meses, temos tempos suficiente para nos estruturarmos."

Já para a Renner, o dólar a até R$ 2 não e problema. O diretor-presidente da rede gaúcha, José Galló, disse que, entre 12% e 15% dos produtos da marca são importados. Para ele, o impacto da desvalorização do real será compensada com a queda dos preços do algodão no mercado internacional. "Trabalhamos com um dólar a R$ 1,90 no fim do ano. Acreditamos nesse valor. Acho que só um acidente de percurso levará a moeda a um patamar maior."

De acordo com o diretor de relações com investidores da B2W, François Pierre Bloquiau, o dólar um pouco mais caro deve aumentar a competitividade dos produtos brasileiros. Segundo ele, com esse quadro, as vendas de produtos nacionais devem crescer e favorecer a indústria nacional. Para ele o novo cenário deve trazer um desafio para os importados. Ele acrescenta ainda que a B2W não está preocupada com a alta do dólar no curto prazo. "A empresa está protegida neste momento."

O setor siderúrgico também monitora de perto as variações da moeda americana. O diretor-executivo de relações com investidores da CSN, David Salama, disse que existe expectativa de recuperação das margens da empresa em função do custo das matérias-primas. "Com preços mais baixos, podemos ter margem melhor", disse.