Título: BB amplia financiamento de longo prazo à exportação
Autor: Lucchesi, Cristiane Perini
Fonte: Valor Econômico, 11/09/2006, Finanças, p. C3

O Banco do Brasil está ampliando o crédito à exportação de mais longo prazo para as empresas brasileiras, informa Augusto Braúna, diretor da área internacional. Nos oito primeiros meses deste ano o banco realizou 55 operações de pré-pagamento à exportação, no total de US$ 651,7 milhões, valor 118% maior em relação aos primeiros oito meses de 2005.

O total já ultrapassa os US$ 525 milhões realizados em todo o ano passado e elevou a carteira desse tipo de operação do Banco do Brasil para US$ 1,6 bilhão, um total 60% maior do que no final do ano passado.

"Antes, o pré-pagamento de prazo de cinco anos era um privilégio das empresas maiores", diz Braúna. Segundo ele, com a ampliação do crédito externo ao país decorrente da melhor percepção de risco, um número maior de bancos se dispõe a emprestar às empresas e os prêmios de risco despencam.

Na busca por rentabilidade e aceitando maior risco, os bancos se voltam às empresas menores. Resultado: as empresas médias também estão conseguindo maiores prazos a custos mais baixos, na faixa de 1,40% a 5,75% ao ano sobre a Libor, taxa interbancária de Londres, informa o diretor do BB.

As empresas maiores, inclusive as que são "grau de investimento" (com selo de investimento não-especulativo das agências de classificação de risco de crédito), conseguem prazos de oito anos ou mais. Os custos para uma empresa grau de investimento vão de 0,45% a 0,80% sobre a Libor, enquanto uma considerada "corporate", mas que ainda não tem grau de investimento, paga prêmios de cerca de 0,70% a 2,60% sobre a Libor.

As operações de pré-pagamento de exportações têm sido cada vez mais utilizadas por empresários brasileiros interessados em aumentar os recursos destinados a capital de giro e investimentos, segundo Braúna. "Há também empresas que trocam dívida mais cara e curta por pré-pagamentos mais vantajosos", diz Braúna.

Por comprometerem o fluxo das exportações da empresa e por sua estrutura de garantias - em geral, os credores abrem uma conta no exterior que recebe diretamente as receitas dos exportadores -, o pré-pagamento é mais barato do que uma linha para capital de giro. E, sobre ele, não recai o Imposto de Renda de 15% sobre os juros remetidos.

Um exemplo de operação realizada pelo BB de pré-pagamento à exportação foi um empréstimo de US$ 100 milhões para a Aracruz fechado no último dia 1 de setembro. O banco ficou com todo o risco do crédito, em um empréstimo bilateral.

A operação foi levada ao mercado de bancos pela empresa, mas o Banco do Brasil apresentou a melhor proposta. As taxas negociadas e os prazos não serão divulgados. Com essa terceira operação, o total de repasses do BB para a Aracruz por meio de pré-pagamentos totaliza neste ano US$ 254 milhões. A primeira operação foi de US$ 54 milhões e a segunda, de US$ 100 milhões.