Título: BC prevê aumento do crédito no 2º semestre
Autor: Marques. Felipe
Fonte: Valor Econômico, 22/05/2012, Finanças, p. C6

O Banco Central espera uma aceleração nas concessões de crédito a partir da segunda metade do ano, quando as taxas de inadimplência devem cair, afirmou o presidente da instituição, Alexandre Tombini, horas antes de o governo divulgar um novo pacote de estímulo à economia.

A uma plateia de empresários, em São Paulo, Tombini indicou que o assunto figura entre os principais focos de atenção do BC. Tombini, porém, fez questão de frisar que a expansão do crédito não se dará a qualquer custo. "As condições [de tomada do crédito] têm um papel importante no aumento das concessões", disse. "Temos que cuidar da qualidade dos ativos, cuidar para que os incentivos [ao crédito] sejam corretos". Ele acredita que a nova onda de expansão dos empréstimos ocorrerá em bases mais sólidas. "Podemos ter sim - e teremos - uma expansão das concessões em bases mais sólidas."

O crédito mais forte virá acompanhado de uma queda generalizada da inadimplência, incluindo nas carteiras de veículos, no cenário contemplado pelo presidente do BC.

Nessa linha, os calotes dispararam em 2011, chegando a taxas recordes nos primeiros meses deste ano. Sobre as taxas das operações, Tombini afirmou que o BC já sente a redução prometida pelos bancos e o encolhimento dos spreads. "É um processo que está se iniciando, o BC e o resto do governo trabalham nisso e vão continuar ao longo do tempo", afirmou.

Não só o crédito vai melhorar no segundo semestre, caso as previsões de Tombini se confirmem. As previsões do BC apontam uma recuperação da economia na segunda metade do ano. "A atividade econômica deve se acelerar no segundo semestre apesar do início do ano mais devagar do que se previa", disse. Mesmo com o ganho de velocidade, Tombini reafirmou que as taxas mais elevadas de inflação ficaram para trás.

Além do crédito, Tombini abordou o comportamento do câmbio, afirmando que a recente desvalorização do real ante ao dólar é parte de um movimento global de fortalecimento da moeda americana.

Segundo ele, o BC vai atuar no mercado de câmbio se houver disfuncionalidade, apesar de ressaltar que o regime adotado no país é de câmbio flutuante.

Tombini também reafirmou o papel das reservas internacionais e dos depósitos compulsórios como "colchão" para garantir a travessia do Brasil por condições externas mais adversas. "Nós temos que reconhecer que há maior volatilidade do mercado nas últimas semanas", afirmou. Porém, apesar das incertezas com relação à União Europeia, Tombini disse que espera um "pouso suave" da economia chinesa e uma "expansão moderada" da economia americana.

Entre os assuntos do dia, uma ausência notável. A palavra "parcimônia" usada recentemente para descrever o ritmo de reduções na taxa básica de juros ficou de fora da fala do BC desta vez.