Título: DEM cobra apoio do PSDB em capitais
Autor: Agostine, Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 18/05/2012, Político, p. A6

O DEM formalizou ontem apoio à pré-candidatura de José Serra (PSDB) na disputa pela Prefeitura de São Paulo e cobrou acordo com os tucanos em outras seis capitais. A adesão renderá a Serra pelo menos mais 1min40s no horário eleitoral gratuito.

Ao aliar-se ao tucano, o partido intensificou a negociação para indicar o vice na chapa. A vaga, que é cobiçada pelos já aliados PSD e PV e pelo próprio PSDB, só deve ser preenchida em meados de junho, segundo Serra.

Em evento da pré-campanha tucana, o presidente nacional do DEM, senador Agripino Maia (RN), retirou a pré-candidatura do partido na cidade, do secretário estadual Rodrigo Garcia, e pressionou o PSDB por apoio em outras cidades. "Estamos lançando em São Paulo um símbolo que precisa se repetir. Onde o PSDB for mais forte, como em São Paulo, o DEM vai apoiar. Onde o DEM for mais forte, esperamos o apoio do PSDB", disse Maia, em um clube na capital.

O dirigente afirmou que espera acordos com os tucanos em Curitiba, Salvador, Recife, Fortaleza, Belo Horizonte e Goiânia. "Não há motivo para o PSDB disputar com o DEM [nessas cidades]. Os dois têm que estar juntos para que vença a oposição no Brasil", afirmou.

Presente no evento, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse que essa cobrança "é natural" e desconversou ao falar do anúncio de apoio que o PSDB fará hoje ao DEM em Salvador, em torno da pré-candidatura do deputado federal ACM Neto (ver reportagem nesta página).

No evento, lideranças do PSDB e do DEM lembraram de divergências enfrentadas na base de apoio da pré-candidatura de Serra e defenderam a união.

O presidente nacional do DEM procurou minimizar o mal-estar com o PSD. "É verdade que existiram resistências", disse Maia. "Trabalhamos para vencê-las".

Ao criar o PSD, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, esvaziou o DEM, fez com que a legenda perdesse parte de sua bancada na Câmara, o comando da capital paulista e do governo de Florianópolis, antes controlados pela sigla.

Outra divergência foi protagonizada pelo presidente municipal do DEM, Alexandre de Moraes, e Kassab. Moraes foi uma espécie de supersecretário do governo municipal, responsável pelos principais contratos da prefeitura, e saiu da gestão de forma tumultuada, demitido por Kassab.

Além disso, houve problemas entre Alckmin e Kassab, que foram adversários na disputa pela Prefeitura de São Paulo em 2008. O prefeito, então filiado ao DEM, obteve apoio de parte do PSDB, apesar da candidatura Alckmin. A disputa, marcada pela troca de acusações, gerou mal-estar entre eles.

Serra disse que a palavra de ordem de sua campanha tem de ser "somar". "Nós temos que somar nessa campanha. Quem está junto nessa campanha agora é amigo desde criancinha, porque os adversários vão vir com programas consistentes", declarou o tucano. "Vamos fazer a campanha juntos, vencer juntos e governar juntos".

Kassab não participou do evento, mas o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, representou o PSD no encontro

Na plateia, ganhou destaque uma faixa do Democratas Católicos Pela Vida, com a imagem de uma gestante e do feto e a cobrança de postura contra o aborto do pré-candidato. "Esperamos que o próximo governo da capital paulista respeite o princípio da inviolabilidade da vida humana desde a fecundação", dizia a faixa.

Tanto Serra quanto Agripino fizeram elogios a Alckmin. O presidente do DEM disse que o "avalista maior" da união é o governador. "Estivemos juntos no passado, estaremos juntos em 2012 e com certeza em 2014", afirmou Maia. Já o pré-candidato tucano destacou ações de Alckmin.

O governador também elogiou Serra e disse que irá apoiá-lo. "Vamos à luta, companheiro", disse Alckmin. Os dois sinalizaram uma relação diferente da que tiveram nas eleições de 2006 e 2008, marcada por divergências.

Serra evitou falar sobre quem será seu vice "Só na segunda quinzena de junho", respondeu quando questionado. "Não vou especular".

Além da vaga de vice, Serra terá de mediar a pressão dos aliados em torno da composição para disputar a Câmara Municipal. Vereadores do PSDB não querem que o PSD na mesma chapa por analisarem que isso dificultará a reeleição da bancada. Segundo os tucanos, com esse cenário eles precisarão de mais votos para se eleger e dificilmente aumentarão o tamanho da bancada. O PSD, sem tempo de televisão, pressiona pela coligação proporcional.