Título: Auxiliares de Cachoeira querem falar à comissão
Autor: Junqueira , Caio
Fonte: Valor Econômico, 24/05/2012, Política, p. A6

A estratégia apresentada pelo empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, no depoimento de anteontem na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga suas relações com autoridades e empresas pode não ser repetida hoje, quando depõem à comissão três de seus principais auxiliares, segundo as investigações da Polícia Federal.

A depender das declarações do advogado de Waldimir Garcêz, um dos três depoentes de hoje, deputados e senadores terão respostas às suas perguntas. "A estratégia não será a mesma de Cachoeira. Em princípio, ele vai falar. Ele quer falar. Isso está decidido. Não há necessidade de ele ficar calado", disse ontem ao Valor seu advogado, Ney Moura Telles, um dos principais de Goiânia.

Telles, porém, disse que, até o instante do depoimento, isso poderá ser revisto. "Muita coisa pode acontecer". Ele também elogiou a estratégia adotada pelo advogado de Cachoeira, Márcio Thomaz Bastos. "Ele fez bem porque essas gravações telefônicas são todas nulas. Não têm valor jurídico nenhum."

Garcêz é apontado pela Polícia Federal como o lobista da Delta, muito embora seus vínculos em Goiás sejam estritamente políticos e suprapartidários. Foi presidente da Câmara Municipal de Goiânia entre 2001 e 2002 pelo PSDB. Após protagonizar um escândalo político na Casa de desvio de recursos do INSS, caiu no ostracismo político e voltou em 2010, para auxiliar a campanha de Marconi Perillo (PSDB) ao governo do Estado. Sua irmã, inclusive, é vereadora em Goiânia.

Se Garcêz pode surpreender, os outros dois depoentes devem seguir a mesma linha adotada por Cachoeira. "A orientação é que eles permaneçam em silêncio para que não se auto-incriminem. Todas as perguntas têm origem nos autos. E as provas dos autos são ilícitas. Qualquer coisa que eles respondam pode vir a dar validade a essas provas que foram colhidas ilegalmente", disse o advogado Leonardo Picoli.

Ele advoga para Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, e para Jayme Martins, e promete que seus clientes sequer falarão à Justiça. "Eles não vão falar nada a ninguém, nem á Justiça. Em momento algum eles vão se manifestar. As provas estão todas produzidas, são as escutas e os documentos apreendidos. O juiz vai avaliar tudo, abrir prazo para a nossa defesa e então a apresentaremos por escrito", disse.