Título: Grécia deixa de subsidiar remédios
Autor: Hope , Kerin
Fonte: Valor Econômico, 24/05/2012, Internacional, p. A13

Milhões de gregos estão sendo obrigados a pagar o preço integral de remédios essenciais porque acabou o dinheiro do sistema de saúde estatal para remunerar as farmácias responsáveis pelo fornecimento. A informação foi divulgada ontem por autoridades médicas do país.

Os donos de farmácias fizeram uma greve nacional de 24 horas para pressionar o governo a começar a saldar dívidas de € 250 milhões por receitas emitidas em março e abril. A paralisação foi decidida após o colapso de negociações de última hora, na terça-feira, entre o primeiro-ministro Panagiotis Pikrammenos e líderes sindicais.

A disputa põe em evidência os crescentes problemas de fluxo de caixa da Grécia, em meio à recente turbulência política. Enquanto o Ministério das Finanças conseguiu atingir as metas de gastos negociadas com credores internacionais, os fundos de seguridade social gastaram metade das suas alocações orçamentárias anuais entre janeiro e abril, de acordo com números oficiais.

"Há uma escassez de dinheiro... O Estado deixou de financiar [a organização nacional para o fornecimento de saúde] Eoppy, e eles pararam de nos pagar", disse um representante da Associação Farmacêutica Pan-Helênica. "Não podemos continuar subsidiando o serviço de saúde com os nossos bolsos."

A mudança para fazer os pacientes pagarem o custo integral dos remédios aconteceu no mês passado, quando os pagamentos do governo foram suspensos enquanto a Grécia se preparava para as eleições. O mesmo representante disse que as farmácias têm a receber um total de € 520 milhões devidos pela Eoppy e outros fundos de seguridade social por receitas atendidas no ano passado. Os pacientes, que antes pagavam de 10% a 25%, estão tendo que arcar com o preço cheio dos medicamentos e buscar reembolso dos fundos de seguridade social que são membros da Eoppy.

De acordo com um administrador hospitalar, hospitais estatais em dificuldades financeiras não têm conseguido ajudar a pagar a conta. "Costumávamos fornecer remédios para todos os pacientes em tratamento, mas estamos tão apertados agora que pedimos a eles que tragam os medicamentos", afirmou o administrador.

Há falta de alguns remédios, já que a Eoppy, para reduzir custos, tem pressionado os hospitais a trocar drogas caras por versões genéricas mais baratas.