Título: BB reintegra envolvido em dossiê
Autor: Saavedra, Vera
Fonte: Valor Econômico, 31/01/2007, Política, p. A10

Um dos envolvidos no escândalo da compra do dossiê Vedoin, o economista Expedito Veloso, foi reintegrado anteontem aos quadros do Banco do Brasil, exercendo um cargo de confiança. Ele será gerente-executivo de projetos especiais - e desenvolverá novos produtos de varejo para pessoas físicas.

Expedito havia sido afastado do cargo de diretor de gestão de risco em setembro passado, quando surgiram as primeiras notícias do envolvimento dele na compra de um dossiê que vinculava o então candidato ao governo de São Paulo, José Serra, à máfia das sanguessugas. Na época, ele tirou férias do BB para trabalhar na campanha de Lula.

Ele volta agora dois degraus abaixo na hierarquia do BB. Abaixo do cargo de diretor, vêm os superintendentes e, em seguida, os gerentes executivos. Mas Expedito avança um cargo em relação à função que ocupava antes do governo Lula - até 2002, ele era um diretor de divisão.

A explicação do BB é que a auditoria interna para apurar o envolvimento do funcionário no dossiê Vedoin concluiu que o episódio não causou prejuízos materiais ao banco. Ao contrário das suspeitas que chegaram a ser noticiadas na época do escândalo, Expedito não quebrou o sigilo bancário de ninguém. Houve apenas dano à imagem do banco, que, na opinião da auditoria, foi punida com a exoneração de Expedito do cargo de diretor.

Pela decisão da auditoria, nada impedia que Expedito fosse reconduzido a um cargo de confiança. Mas não havia nenhuma obrigação de nomeá-lo para qualquer função. Em tese, ele poderia ser um simples funcionário do banco, sem cargo algum, fazendo, por exemplo, atendimento nas agências.

A decisão de designá-lo para a gerência executiva foi tomada pelo conselho diretor do BB, comandado pelo presidente interino da instituição, Antonio Francisco de Lima Neto.

O BB não forneceu maiores explicações sobre a decisão de nomeá-lo para uma nova função de confiança, além do fato de que não existe impedimento algum para tal. Quando foi exonerado, Expedito era um dos 974 petistas que exercem cargos de confiança no governo e que contribuíam com um "dízimo" para o PT.

Expedito é economista pela Universidade de Viçosa e pós graduado pela Fundação Getulio Vargas (FVG), por isso era visto dentro do banco como qualificado para exercer as funções de diretor. Mas teve uma ascensão rápida demais, pulando degraus, com o início do governo Lula - algo que não é muito comum na rígida hierarquia do banco.