Título: Cartão com visor e bateria chega ao país
Autor: Júnior, Altamiro
Fonte: Valor Econômico, 28/12/2006, Finanças, p. C8

Emiliano Capozoli/Valor Eduardo Chedid, da Visa: cartão também poderá emitir sons, ser luminoso e mostrar histórico das últimas transações Cartões de crédito e débito com som, luz e visor para leitura de senhas e saldos. Os chamados cartões "energizados", uma das últimas inovações no mercado de meios de pagamento eletrônico, chegam ao Brasil em 2007. O Bradesco começa a testar o produto aqui em janeiro.

O cartão terá a bandeira Visa e será distribuído inicialmente para funcionários do banco e da Visa, num teste previsto para durar três meses. O banco vai monitorar primeiro o cartão de débito.

O Bradesco será o primeiro banco do mundo a testar o produto, que vem sendo desenvolvido há dois anos nos Estados Unidos. Após a avaliação dos resultados, o cartão "energizado" deve ser incorporado ao "padrão" da Visa International e ser oferecido em escala comercial.

O principal diferencial do plástico é que, além de um chip, ele tem uma bateria, daí ter ganhando o nome de "energizado" (ou "powered card", em inglês). Na frente do cartão, há um visor e atrás, um botão.

Toda vez que o botão é pressionado, uma nova senha numérica aparece no visor. Em cada transação, o usuário informa este número, além da senha normal do cartão fornecida pelo banco. Como o número não pode ser reutilizado, a idéia é oferecer, principalmente nas transações pela internet, proteção extra contra fraudes e clonagens, afirma o vice-presidente do Bradesco, Laércio Albino Cezar. A possibilidade de clonagem é zero, afirma.

Nos testes do Bradesco, a senha extra será pedida na autenticação de todas as transações bancárias realizadas pela internet, telefone fixo e celular. O grupo de pessoas escolhidas usa regulamente o cartão para estas operações e a idéia é ver como se adaptam com a nova senha.

A bateria é como as de relógio e tem 1,2 milímetros (a mesma espessura de um cartão tradicional). Ela dura 3 anos ou o equivalente a 16 mil toques no botão. Segundo Eduardo Chedid, vice-presidente da Visa do Brasil, o desenvolvimento da bateria foi a parte mais trabalhosa e complexa para se criar este tipo de cartão, pois havia a necessidade de algo que fosse duradouro e pequeno. Para evitar que ela se quebre, a bateria é flexível. O plástico foi desenvolvido em conjunto com a Innovative Card Technologies e a nCryptone.

O cartão "energizado" pode ter outros tipos de uso. O visor pode informar, no caso de um cartão de débito, um histórico das últimas compras do portador ou, para um pré-pago, o saldo restante. Ou ainda, no caso de um cartão de fidelidade, mostrar os pontos acumulados. Por ter a bateria, o cartão pode emitir sons e ser luminoso. Com toda esta tecnologia, o custo deste cartão chega a ser cinco vezes maior que a de um cartão tradicional e deve sair por cerca de R$ 20, diz o vice-presidente do Bradesco.

O banco já oferecia para os clientes um token, espécie de chaveiro com um visor que mostrava uma nova senha toda vez que um botão era pressionado. O Bradesco já colocou 326 mil destes aparelhos no mercado. Como o cartão tem a mesma função, não há mais a necessidade do token.

O banco também oferecia como segurança extra um TanCode, cartão com combinações numéricas para o uso em transações. O principal problema é que as combinações eram limitadas aos números que tinham no cartão. Mesmo assim, o Bradesco colocou sete milhões deles no mercado.

Além do cartão "energizado", o Bradesco está testando a mesma tecnologia em celulares. Assim como uma nova senha aparece no visor do cartão a cada transação, o número aparece na tela do celular. O banco está testando 284 aparelhos.