Título: Mercado supera US$ 1 tri na América Latina
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 12/09/2006, Finanças, p. C5

O mercado doméstico de bônus na América Latina passou a barreira de US$ 1 trilhão, equivalente a 48% do PIB da região . As emissões são largamente dominadas pelo Brasil, com estoque de US$ 562,7 bilhões até o segundo trimestre.

Esse segmento na América Latina vem atraindo a atenção internacional. Em junho, o Banco de Compensações Internacionais (BIS), o banco dos bancos centrais, publicou estudo sobre sua expansão. Agora é o Deutsche Bank que considera o futuro promissor mesmo em ambiente econômico internacional menos benigno.

O banco alemão argumenta que o mercado doméstico de bônus na região quase dobrou desde dezembro de 2002 e é um dos segmentos de renda fixa que mais crescem no mundo. Vem dando retorno superior a de outros mercados na cena global. O estudo do BIS mostrara que o mercado brasileiro deu retorno de 142,2% aos investidores desde 2003, imbatível em relação a rendimento de obrigações de 73,2% na América Latina, 55,4% na Europa e 21,1% na Ásia. Nos Estados Unidos, os títulos de dez anos do Tesouro proporcionaram rendimento de 7,2%.

Analistas do Deutsche Bank contestam avaliação de certos críticos, de que esse acelerado desenvolvimento é temporário ou cíclico. Para o banco alemão, a expansão do financiamento em títulos locais se apóia na maior estabilidade econômica, com taxa de cambio flexível, inflação sob controle.

Também destaca a crescente importância dos fundos de pensão na região. Em oito países, os ativos sob gestão desses fundos alcançou US$ 204 bilhões em marco deste ano. Incluindo fundos voluntários privados no Brasil, de US$ 152 bilhões, o total desses ativos na região alcança US$ 356 bilhões.

O Mercado continua dominado por emissões dos governos, com 80% do total do estoque doméstico da divida. Mas o banco argumenta que esse tipo de financiamento em moeda local vai se propagar e reduzir a vulnerabilidade da região.

O Deutsche Bank chama a atenção para alguns obstáculos, como baixo nível de liquidez, segmentação do mercado e certas barreiras a investidores estrangeiros. Mas conclui que o mercado doméstico de bônus na América Latina.