Título: Operação verde pela isenção
Autor: Sassine, Vinicius
Fonte: Correio Braziliense, 16/10/2010, Política, p. 7

Marina Silva e integrantes de grupos políticos e sociais ligados a ela tentam, hoje, que o PV se mantenha neutro no segundo turno

A senadora Marina Silva chega, hoje, à convenção nacional do PV acompanhada de amigos pessoais, de líderes evangélicos e de defensores de uma nova candidatura verde à Presidência em 2014. Todos os acompanhantes, mesmo sem integrar o PV, têm direito a voto na convenção que decide a posição de Marina e do partido no segundo turno da eleição presidencial. O objetivo do grupo é barrar a tentativa da direção do PV de declarar apoio a José Serra (PSDB) e assegurar que a convenção decida pela neutralidade.

Votam na convenção do PV, entre outros convocados, o pastor Sóstenes Apolos da Silva, presidente da Convenção Evangélica das Assembleias de Deus do Distrito Federal (DF). Marina frequenta, em Brasília, a igreja comandada por Sóstenes, tido como líder religioso da senadora. Outra representante dos evangélicos com direito a voto é a pastora Valnice Milhomens, da Igreja Nacional do Senhor Jesus Cristo. Valnice e Marina são amigas desde 2002. A pastora fez campanha para a ex-candidata à Presidência e foi responsável por introduzir Marina em diferentes rodas evangélicas.

Representante do Movimento Marina Silva, uma organização apartidária que fez campanha para a presidenciável, Eduardo Rombauer e mais quatro %u201Cmarineiros%u201D vão votar pela neutralidade no segundo turno. A presença de 15 pessoas estranhas ao PV na convenção nacional do partido foi uma exigência de Marina. Nos processos de discussão interna na legenda, a senadora dizia que a escolha dos 15 votantes seria decidida pelos próprios grupos que a apoiaram na disputa presidencial. Não foi o que ocorreu para boa parte deles.

A convocação de pessoas próximas a Marina, principalmente evangélicos com um histórico de aproximação à senadora e que buscaram votos nas igrejas, ficou a cargo de Jane Vilas Boas. Assessora do gabinete de Marina no Senado desde 1999, ela se licenciou para a campanha presidencial. Os convocados chegam à convenção com a missão de respaldar qualquer postura da ex-candidata.

Divergências A convenção do PV é a soma de diferentes grupos políticos ou sociais, com posições divergentes. Ao todo, 167 pessoas têm direito ao voto, entre membros do conselho nacional do partido (124 votantes), deputados federais eleitos (15 parlamentares), candidatos a governador e a senador derrotados nas urnas (23 pessoas) e os 15 representantes dos %u201Cnúcleos vivos da sociedade%u201D. Há situações em que um deputado eleito ou um candidato derrotado pertencem à executiva nacional. Nesses casos, só se pode votar uma única vez.

Três grupos protagonizam a discussão: os aliados de Marina Silva, os escolhidos para participar da convenção mesmo sem pertencer ao partido; e os integrantes da executiva nacional de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Os dois primeiros querem Marina neutra na disputa presidencial, de olho numa nova candidatura em 2014. O último quer se aliar a Serra. %u201CNão houve qualquer acordo prévio. A decisão será tomada na convenção%u201D, diz o vice-presidente do PV, Alfredo Sirkis.