Título: Preços das commodities agrícolas caem nas bolsas
Autor: Scaramuzzo, Mônica
Fonte: Valor Econômico, 12/09/2006, Agronegócios, p. B12

Os preços das commodities agrícolas negociadas nas bolsas de Nova York, Chicago e Londres tiveram forte queda ontem, em consequência das incertezas que perduram no mercado externo em relação à taxa de juros dos Estados Unidos, segundo analistas ouvidos pelo Valor. As principais quedas foram as do açúcar, café e suco de laranja, cujos contratos futuros de segunda posição recuaram ontem 3,1%, 2,3% e 0,9%, respectivamente, de acordo com cálculos do Valor Data.

O mesmo comportamento baixista foi observado nas commodities de energia e também nos metais. Ontem, o petróleo Brent fechou em queda de 1,8%, para os contratos de outubro. Nos metais, as maiores quedas foram observadas no zinco (5,03%), na liga de alumínio (4,18%) e no alumínio (3,76%), cotados na Bolsa de Metais de Londres (LME, em inglês).

Paira a expectativa no mercado de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) eleve a taxa básica de juros daquele país mais uma vez este ano. A expectativa é de que a taxa, que está em 5,25%, suba 0,25 ponto percentual. A próxima reunião do Fed será no dia 20 de setembro. "A expectativa de desaquecimento da economia americana ajuda a pressionar as commodities", disse Rodrigo Costa, da Fimat Futures.

Segundo ele, as commodities de energia também têm sido pressionadas pelos bons volumes de estoques de gasolina nos EUA. "Há também uma redução do risco geopolítico, como reflexo da reunião de entendimento entre a União Européia e o Irã", disse Vinícius Ito, da Fimat. A reunião tratou do programa nuclear do Irã.

Outro fator baixista é que o risco do furacão Florence, que ameaçava atingir as regiões das principais refinarias de petróleo dos EUA, foi amenizado, com seu desvio para o norte daquele país.

No caso de algumas commodities agrícolas, como o açúcar e café, o movimento dos fundos também tem ajudado a pressionar as cotações. As vendas dos países produtores também tiraram o suporte das cotações do açúcar.

No caso dos grãos, as cotações seguem em queda por conta do relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), que será divulgado hoje. "O mercado está atento aos números de produção de soja e milho. Os analistas acreditam que a produção de soja e de milho será maior que a esperada", disse Ito. O início da colheita também tira o suporte dos preços dos grãos. O trigo, segundo Ito, teve um recuo menor em razão das notícias de queda da produtividade das lavouras da Austrália e Argentina.