Título: Aécio demonstra descontentamento com carta de Fernando Henrique
Autor: Moreira, Ivana
Fonte: Valor Econômico, 12/09/2006, Política, p. A6

O governador de Minas, Aécio Neves, tentou esquivar-se da polêmica pela carta aberta do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao PSDB, divulgada na semana passada, mas deixou claro seu descontentamento. "O candidato é Geraldo Alckmin e nós estamos discutindo o governo a partir de 2007, não os governos passados. A melhor forma de eu contribuir para continuarmos avançando neste projeto é evitar comentar ações que mais desagregam do que agregam", afirmou ontem o governador, em Teófilo Otoni, no norte do Estado, onde esteve com Alckmin.

Na carta aberta, FHC cobrou dos tucanos uma defesa mais enfática dos acertos de seu governo, além de ter criticado seu partido por não ter agido com mais rigor na punição do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG). Na semana passada, o senador criticara a nota, em que é citado por seu envolvimento com o publicitário Marcos Valério de Souza para formação de caixa 2 em sua campanha eleitoral para o governo mineiro, em 1998. Azeredo chamou a carta de "inoportuna" e disse que Fernando Henrique "nunca se pronunciou sobre essa questão. Se ele pensava que eu deveria ter outro tipo de posição, no mínimo ele deveria ter falado. Considero que foi injusto, inoportuno e incorreto".

Para Aécio, a carta do ex-presidente está sendo supervalorizada. "O presidente Fernando Henrique é o meu amigo pessoal e um homem de muitas virtudes, não pode ser julgado por um documento." Evitando se alongar sobre o assunto, o governador afirmou que não pretende contribuir para que a carta seja ainda mais valorizada do que deve. "Eu acho que o Geraldo tem relembrado sempre, com muita firmeza, muitos aspectos positivos do governo Fernando Henrique, eu não acho que ele tenha sido deixado de lado", comentou o governador de Minas, que disputa a reeleição no Estado.

"A maior contribuição que eu dou ao grande projeto do PSDB neste momento é não criar mais polêmica", disse. "A contribuição que dou é essa, estar aqui em Teófilo Otoni, estar daqui a dois dias em Juiz de Fora, no final de semana em outras cidades do interior, pedindo votos para Geraldo Alckmin para que o Brasil encerre este ciclo de governo do PT, que não tem sido bom para o país".

O mineiro ressaltou que há um crescimento nítido da campanha tucana, comprovado nas ruas e em pesquisas, e que fará todo esforço para aumentar os votos de Alckmin no Estado, que é o segundo maior colégio eleitoral do país.

"No que depender do meu esforço, é claro que todos nós temos os nossos limites, mas no que depender do meu esforço, estaremos no segundo turno a partir do dia 1 de outubro", declarou. Com mais de 70% das intenções de voto em todas as pesquisas já divulgadas, Aécio Neves tem boas chances de reeleger-se no Estado já no primeiro turno, com uma marca histórica. A meta da sua campanha é fazer do neto de Tancredo Neves o governador mais votado na história mineira.

De olho no favoritismo do colega, Geraldo Alckmin deixou claro ontem que, na reta final da campanha, pretende aproveitar o máximo que puder da popularidade de Aécio. Segundo ele, o mineiro já gravou participação para o seu programa que deverá ser levada ao ar nos próximos dias. A intenção, explicou Alckmin, é mostrar o "time" tucano. Segundo ele, com as companhias como Newton Cardoso, Jader Barbalho e Ney Suassuna, Lula terá dificuldade para emplacar a reeleição. (Com agências noticiosas)