Título: Mudança inquieta investidores da Vale
Autor: Romero , Cristiano
Fonte: Valor Econômico, 25/05/2012, Política, p. A12

A expectativa de uma mudança no comando da Previ, o maior fundo de pensão da América Latina, com uma saída de Ricardo Flores da presidência, tem inquietado os investidores da Vale.

Trata-se do principal sócio controlador da mineradora. A indicação de um substituto para Flores está sendo acompanhada com lupa pelos acionistas, muitos dos quais ainda temem o fantasma de restatização da companhia num governo petista pelo BNDES e a Previ.

O nome do novo comandante da fundação de funcionários do BB e sua biografia é aguardada ansiosamente pelo mercado. Dependendo do perfil do candidato poderá influir no comportamento das ações da Vale nos próximos dias, na avaliação de analistas do setor de mineração.

Segundo o estatuto social da empresa, qualquer que seja a pessoa indicada pelo patrocinador do fundo (BB) para presidir a Previ, ela terá que ter seu nome encaminhado ao conselho de administração da Vale para aprovação pelos conselheiros para assumir a presidência do board da companhia.

O Valor apurou que há entre os conselheiros da Vale um "acordo informal", de que o titular do board deve ser o presidente da Previ. Isto, porque é o sócio com maior fatia acionária na Valepar, holding controladora da empresa, via Litel Participações SA, holding controlada pela Previ e da qual participam minoritariamente Petros, Funcef e Cesp.

A composição dos controladores dentro da Valepar é a seguinte: a Litel detém 48,79%, seguida pela Bradespar SA, holding do Bradesco com 17%, a japonesa Mitsui & Co., Lid, trading company, com 15%, BNDES Participações SA (Bndespar), holding do BNDES com 9% e Eletron S.A. (Opportunity) com 0,02%. Eles são regidos por um acordo de acionistas que termina em 2017.

A Previ tem três assentos no conselho, a Bradespar tem dois, a Mitsui dois, o BNDES tem um, os empregados têm uma cadeira e há um conselheiro independente, José Mauro Carneiro da Cunha.

No caso de vacância do cargo de Presidente, ele poderá ser substituído temporariamente pelo vice-presidente, Mario Teixeira, da Bradespar.

Na avaliação de um acionista da Valepar, o conselho da Vale não tem tradição de ter um conselheiro independente na presidencia (que não seja do bloco de controle), mas se isto ocorrer, caso seja desejo do BB ou de seu controlador o Ministério da Fazenda, poderá contribuir para exorcizar o medo dos acionistas de nova retomada da Vale pelo Estado, o que na sua opinião é improvável.

Atualmente, os titulares do board da Vale são o presidente, Ricardo Flores, que está deixando o cargo, Mario Teixeira, da Bradespar, José Ricardo Sasseron (Pprevi), Robson Rocha (Previ), Nelson Henrique Barbosa Filho (Fazenda), Renato da Cruz Gomes)Bradespar), Fuminobu Kawashima (Mitsui), Oscar Augusto de Camargo Filho (Mitsui), Luciano Coutinho (BNDES), Paulo Soares de Souza (representante dos trabalhadores) e José Mauro Carneiro da Cunha (independente e ex-BNDES). Os conselheiros são eleitos em assembléia geral da empresa e tem mandato de dois anos, sendo permitida reeleição.

Desde sua privatização, o conselho da Vale foi presidido inicialmente por Benjamin Steinbruch, depois por Roger Agnelli, unica vez em que o titular foi indicado pelo Bradesco, depois por Luiz Tarquínio Sardinha Ferro (presidente da Previ) e Sérgio Rosa (presidente da Previ). E agora, Ricardo Flores.