Título: Projeções para o PIB recuam e chegam a 2%
Autor: Lamucci , Sergio
Fonte: Valor Econômico, 05/06/2012, Brasil, p. A3

O pífio resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre do ano, divulgado na sexta-feira, levou várias instituições a revisar a estimativa de crescimento em 2012 para a casa de 2%. Enquanto o BNP Paribas e o Credit Suisse reduziram as suas projeções de 2,5% para 2%, o J.P. Morgan baixou a sua de 2,9% para 2,1%, a Nomura Securities, de 3,5% para 1,9% e a Votorantim Corretora, de 2,9% para 2,2%.

O economista-chefe do BNP Paribas para a América Latina, Marcelo Carvalho, apontou três motivos para a redução de sua previsão para uma alta de apenas 2% - o desempenho fraco do PIB nos três primeiros meses do ano, os números preliminares do segundo trimestre, que mostram um comportamento pouco animador da atividade e, por fim, o risco de que a incerteza internacional possa impedir recuperação mais forte da economia na segunda metade do ano.

Em relatório, ele lembra que manteve por muito tempo uma das projeções mais pessimistas do mercado para o PIB em 2012 - os 2,5%, que hoje já têm um viés otimista. A sua aposta num PIB fraco há tempos baseia-se principalmente no fato de que a herança estatística (o carry over) de 2011 para 2012 foi muito baixa. "Basta fazer as contas." O carry over foi de 0,2 ponto percentual, o que significa que, se o PIB ficar no mesmo nível do fim do ano passado, a expansão em 2012 será de apenas 0,2%.

O J.P. Morgan trabalha agora com crescimento de 2,1%. Segundo o banco, nas últimas semanas, vários indicadores passaram a sugerir uma desaceleração mais acentuada do que se projetava na economia global no segundo trimestre, especialmente na Europa e na China. Além disso, também aumentaram os riscos associados a uma eventual saída da Grécia da zona do euro e houve uma deterioração da percepção sobre a Espanha, diz o banco, em relatório.

A alta do PIB no primeiro trimestre, de 0,2% em relação ao trimestre anterior, feito o ajuste sazonal, também contribuiu decisivamente para o banco reduzir a sua projeção. O J.P. Morgan ressalta ainda que a previsão de uma expansão de 2,1% neste ano considera uma melhora da atividade neste trimestre e também nos próximos.

A Nomura é mais pessimista, acreditando num crescimento inferior a 2%. "O dado do primeiro trimestre e o que sabemos até agora do segundo trimestre do ano, que tem sido essencialmente fraco e decepcionante, nos leva a fazer uma grande revisão para baixo em nossas estimativas para 2012", diz a Nomura, em relatório. Para o investimento, a projeção caiu de uma alta de 3,5% para um recuo de 1,9%.

Os efeitos das reduções das taxas de juros promovidas pelo Banco Central devem ter algum efeito na expansão da economia no segundo semestre, diz o economista Tony Volpon, alertando, porém, que o futuro reserva incertezas, como o ainda turbulento cenário internacional, com risco de ruptura na zona do euro.

Já o Credit Suisse revisou sua estimativa para 2%, segundo informações da agência Dow Jones. Segundo o banco, o crescimento de apenas 0,2% no primeiro trimestre e a dificuldade de recuperação da indústria demonstrada neste segundo trimestre foram os principais responsáveis pela revisão.

O quadro internacional complicado e o fraco resultado do primeiro trimestre fizeram a Votorantim Corretora cortar a estimativa para o ano para 2,2%. A herança estatística de 2011 é fraca e retomada da atividade é mais lenta do que se esperava, diz a corretora.

O relatório divulgado semanalmente pelo Banco Central com as projeções de cerca de 100 instituições financeiras também mostrou queda das estimativas para o PIB em 2012, mas o movimento é menos significativo. Segundo o Boletim Focus, a expectativa para o crescimento caiu de 2,99% para 2,72%, no quarto recuo consecutivo.

A previsão destoa da previsão oficial da Fazenda, que trabalha com 4%. Para 2013, os analistas ouvidos pelo BC apostam em avanço de 4,5%. O Focus também mostrou uma queda das projeções para o crescimento da produção industrial em 2012, de 1,58% para 1,15%.