Título: Projetos de captação da energia do sol avançam
Autor: Vasconcellos , Carlos
Fonte: Valor Econômico, 05/06/2012, Especial, p. F10

Apesar das queixas em relação à viabilidade comercial da energia solar, os projetos começam a avançar no país. O Laboratório Interdisciplinar de Meio Ambiente (Lima) da Coppe UFRJ projeta a instalação de mais 50 MW de capacidade de geração solar fotovoltaica no país até 2016. Um deles é a usina de demonstração da Cemig, em Sete Lagoas (MG), com capacidade prevista de 3,3 MW pico.

"Vamos estudar a interação e a relação da usina solar com a rede elétrica no momento de pico da geração solar, que é das 9 às 15 horas", explica Alexandre Bueno, superintendente de Tecnologia e Alternativas Energéticas da Cemig. Ele conta que a Cemig também está envolvida na instalação dos painéis solares no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, sistema que será capaz de gerar 1 MW pico, suficiente par atender o consumo de 250 residências.

Bueno lembra que, mesmo que um projeto solar não gere excedentes, a energia pode ser usada em outras instalações. "O sistema funciona por meio de um balanço energético. Os painéis de um estádio, por exemplo, geram energia para as residências e estabelecimentos comerciais no entorno durante o dia, e o estádio usa a energia durante um jogo noturno", explica.

O Grupo Neoenergia, por sua vez, investe em energia solar por meio de suas subsidiárias. Além de ter instalado o sistema de energia no estádio de Pituaçu (Bahia), o primeiro estádio solar da América Latina, a empresa está envolvida na implantação de um sistema semelhante na Arena de Pernambuco, a 19 quilômetros de Recife, que deverá ser uma das sedes da Copa de 2014.

Com um investimento de R$ 13 milhões, o projeto deve gerar potência de 1 MW pico e começará a ser instalado no segundo semestre deste ano para entrar em funcionamento em 2013. A energia gerada será consumida na própria arena, sem excedentes para a rede da distribuidora de energia pernambucana, a Celpe.

O Grupo Neoenergia também utiliza a alternativa solar para atender à demanda do programa Luz para Todos, do governo federal. Hoje, 21 mil famílias no interior da Bahia são atendidas por sistemas isolados de geração solar no âmbito do programa.

Já a Eletrosul está implantando o projeto Megawatt Solar em seu edifício sede, em Florianópolis. O projeto tem o sinal verde da Aneel, está em fase de licitação, vai gerar 1 MW pico e será integrado à rede elétrica com a instalação de painéis solares no teto do edifício e no estacionamento da empresa.

Para dar mais viabilidade à indústria de energia solar no país, é preciso que a indústria ganhe escala, diz Marcelo Corrêa, presidente do Grupo Neoenergia. Ele acredita que a disseminação da tecnologia solar pode contribuir para reduzir o custo de geração, três vezes maior que o de fontes como hidrelétrica e eólica.

Emílio La Rovere, coordenador do Lima, observa que é preciso investir também em uma cadeia produtiva local. "Isso exige crédito facilitado e financiamento de órgãos públicos. Precisamos de uma indústria nacional capaz de produzir equipamentos com garantia de vida útil superior a três anos", diz.