Título: Tucano mostra obras virtuais do PT
Autor: Junqueira, Caio e Felício, César
Fonte: Valor Econômico, 13/09/2006, Política, p. A10

O horário eleitoral do candidato a presidente Geraldo Alckmin (PSDB) apresentou ontem como "virtuais" algumas das realizações que o presidente e candidato à reeleição Luiz Inácio Lula da Silva (PT) exibe em sua propaganda de televisão. Uma delas é a refinaria de Pernambuco, onde foi mostrada a imagem de um terreno. "Esta é a refinaria de Pernambuco, que Lula mostra na TV. Pura ficção. No local, tudo que existe é uma placa no meio do mato. A obra nem começou", afirma o locutor.

Outra obra, o metrô de Fortaleza, também é colocada como na mesma situação. "Ao contrário do que mostra a tevê de Lula, o metrô está longe de entrar em operação e a obra só atrasou porque Lula demorou para liberar o dinheiro". O programa tucano resgatou as imagens do horário eleitoral do petista em que são apresentadas duas obras como prontas.

Também foram exibidas imagens da campanha presidencial de 2002, com Lula prometendo uma reforma tributaria "justa, cobrando menos impostos de quem trabalha e produz". Na seqüência, entra o locutor: Lula prometeu e não cumpriu e a verdade está nos jornais: nossa carga tributária é a mais alta da história".

A exemplo do último programa, a situação das estradas brasileiras continuou a ser explorada, junto com a idéia de que "Lula abandonou nossas estradas". Foram repetidas propostas para Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pernambuco, que têm em comum o fato de Alckmin estar com mau desempenho eleitoral. Nos dois últimos, no discurso de "vamos trabalhar juntos", o ex-governador paulista citou expressamente os nomes dos candidatos favoritos e que fazem parte de sua coligação: o mineiro Aécio Neves (PSDB) e o pernambucano Mendonça Filho (PFL).

No programa noturno, o alvo foi o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, que foi indiciado pela Polícia Civil esta semana. Um locutor mencionou em seguida que foram denunciados outros ex-ministros, como Humberto Costa, Luiz Gushiken, José Dirceu: "E o presidente Lula não sabia de nada. Agora pense bem: depois de todos estes auxiliares envolvidos em escândalo, você acha que Lula tem pulso para montar uma equipe? Pense nisso e mude de presidente", disse.

Ao falar, o candidato permaneceu em uma linha suave. Depois de uma crítica à política de saúde do governo Lula, ironizando a declaração do presidente de que a saúde estaria "quase perfeita" destacou as suas realizações na área como governador de São Paulo.

O programa de Lula, ao contrário, continuou a ser focado nas realizações do governo federal conjuntamente a uma branda ameaça de que, caso não se reeleja, as obras e programas poderão ser interrompidas. "Temos grandes obras em andamento. Temos grandes programas de transferência de renda. Se isso fosse interrompido, seria não apenas um grande prejuízo financeiro, mas um imenso sacrifício humano . Seria jogar fora todo os esforços de mudança que já vem dando excelentes resultados", disse o presidente.

Lula ressaltou a importância de se manter a ortodoxia de sua política econômica. "Nunca o Brasil teve tanta chance de seguir em frente, acelerando o seu crescimento. Isto porque tem demonstrado na prática que estabilidade e crescimento podem andar junto. Crescer é importante, porém o mais importante é crescer da maneira certa", disse o presidente.