Título: Governo quer antecipar compras públicas
Autor: Villaverde,João
Fonte: Valor Econômico, 12/06/2012, Brasil, p. A5

O governo deve antecipar todas as compras que estavam previstas para o período entre o fim deste ano e o começo do ano que vem. Além das compras do Ministério da Educação, que serão ampliadas como antecipou ontem o Valor, o foco também será as aquisições do Ministério da Saúde. A ideia do governo é recuperar o patamar perdido em 2011, quando as compras governamentais foram de R$ 51,7 bilhões, resultado inferior aos R$ 57,3 bilhões registrados em 2010. Os técnicos do governo não falam em metas, mas estimam que, com o esforço concentrado a partir do segundo semestre, as compras superem a marca de R$ 60 bilhões neste ano.

Prioridade para a presidente Dilma Rousseff, o "esforço pelos investimentos públicos", como afirmou um ministro ao Valor, deve envolver diversos ministérios. Nenhuma nova medida está sendo gestada, garante uma fonte no Palácio do Planalto. "Não é o caso de uma cirurgia cardíaca, apenas uma desobstrução de artéria. Os ministérios tem os recursos, e precisam utilizar o dinheiro para investimentos em sua plenitude", afirmou a fonte.

Na área econômica, a avaliação é a mesma. O entrave para a ampliação de novos investimentos não é a falta de recursos e sim de má gestão. Por isso, a necessidade de "choque de gestão" em ministérios como Transportes e Cidades, onde a execução do orçamento público deixa a desejar. Apesar de positivo, o esforço do governo em destravar obras públicas pode trazer impactos para o crescimento econômico apenas em 2013, avaliam analistas. Para a área econômica do governo, porém, ainda é muito cedo para se fazer esse tipo de avaliação. É esperado que as compras governamentais, assim como o destravamento de algumas obras públicas, tragam resultados positivos para que o país tenha um avanço do Produto Interno Bruto (PIB) maior do que os 2,7% de 2011.

Dilma deseja concluir o pente fino sobre as obras e contratos mantidos pelos ministérios que podem ser acelerados ou antecipados ainda nesta semana, antes de embarcar para o Rio de Janeiro, de onde vai despachar durante a conferência Rio +20.

"Será antecipado tudo aquilo que pode ser antecipado. Temos garantia de recursos no orçamento para tal, e as compras em ritmo mais forte vão gerar um ótimo efeito sobre as cadeias produtivas contempladas", afirmou uma fonte do governo ao Valor ontem. "Uma compra que está prevista para o mês de agosto, por exemplo, pode ser antecipada. Se os recursos existem, e a demanda também, vamos antecipar", garantiu um ministro.

No ano passado, o governo federal fez 241,6 mil processos de compras diretas com fornecedores, sendo 85 mil da região Sudeste. Técnicos do governo falam que, com a ampliação da lista de produtos que podem ser adquiridos pelos ministérios da Educação e Saúde, apenas, esse número pode ultrapassar 260 mil neste ano.