Título: Estratégia focada na troca de aparelhos
Autor: Fuoco, Taís
Fonte: Valor Econômico, 15/09/2006, Empresas, p. B2

A Nokia confia na estratégia de crescer na América Latina com ênfase no usuário que vai trocar de celular. A lógica é a de que, sempre que isso acontece, o consumidor quer um modelo com mais recursos e sofisticação que o anterior. Para a companhia, a demanda é grande por modelos desse tipo, apesar da baixa renda da população do continente.

Segundo Maurizio Angelone, vice-presidente sênior de marketing para a América Latina, ao mesmo tempo em que os índices de teledensidade - número de celulares a cada cem habitantes - aproxima-se da saturação nos países da região, aumenta a velocidade com que o consumidor troca de aparelho.

Há cerca de dois anos, disse o executivo, esse período médio era de 2,3 anos. Hoje, porém, o intervalo ficou mais curto, com uma troca a cada 1,8 ano. Em alguns países da região esse tempo é ainda menor, como na Venezuela, onde se troca de aparelho a cada 1,3 ano, ou na Colômbia (1,5 ano). No Brasil, a marca é ligeiramente maior que a média da América Latina - 2,1 anos.

"Isso contribui para que, em vez de crescer o volume de vendas, se amplie o valor da receita", afirmou o executivo, no evento Nokia Business Summit, onde a companhia apresentou sua estratégia para a América Latina.

Segundo ele, a renda mensal da população não será um impeditivo para que a companhia venda modelos cada vez mais sofisticados. "Na Índia e na China, a Nokia vende 20 vezes mais modelos com recursos multimídia do que na América Latina" , comparou.

Angelone disse que "a demanda existe" e só não originou vendas maiores porque o consumidor não conhece todos os recursos disponíveis nos aparelhos. "Cabe à Nokia divulgar esses recursos", afirmou, já que as operadoras têm se concentrado em elevar a penetração do produto, mesmo que por meio dos modelos mais simples.

Ele citou o exemplo das vendas de TV de plasma no Brasil no período anterior à Copa do Mundo de futebol. "Foi um fenômeno no país, o que mostra que a renda não impede quando a população quer um determinado item", disse.

A companhia, entretanto, não pretende deixar de atender os usuários que buscam modelos mais simples. "A Nokia é a única fabricante a atender a Claro na decisão de continuar a vender celulares com tela em branco e preto, para ampliar a penetração do celular nas regiões carentes", disse. A empresa pretende continuar a participar do projeto da Claro na oferta desses terminais. (TF)