Título: Telefónica reforça atuação na Vivo
Autor: Magalhães, Heloisa e Moreira, Talita
Fonte: Valor Econômico, 15/09/2006, Empresas, p. B3

A chegada de Manoel Amorim deverá imprimir um caráter mais operacional ao conselho de administração da Vivo e evidencia que a espanhola Telefónica quer participar mais ativamente da estratégia da operadora.

Amorim, que já foi diretor-geral da Telefônica (Telesp) e atualmente é o responsável pelas operações de telefonia fixa do grupo espanhol em toda a América Latina, deverá deixar o cargo para se dedicar com exclusividade à presidência do conselho da Vivo - cargo para o qual foi nomeado anteontem. Ele substituirá o presidente do grupo Telefônica no Brasil, Fernando Xavier, que divide seu tempo na Vivo com uma série de outras atribuições.

O principal executivo da Vivo, Roberto Lima, disse ao Valor que "é sempre bom haver renovação". O executivo destacou que Xavier tem um perfil mais institucional, enquanto Amorim tem experiência mais operacional e "um profundo conhecimento do mercado brasileiro".

A indicação de Amorim está relacionada à reestruturação em curso no grupo espanhol, que teve início quando Jose Maria Alvarez-Pallete tornou-se responsável pelas operações fixas e móveis da Telefónica na América Latina.

Segundo fontes ligadas à Vivo, representantes da Portugal Telecom - que dividem o controle da operadora de celular com a Telefónica - souberam da escolha de Amorim na segunda-feira, véspera do anúncio.

Apesar de a Telefónica ter sido apontada como interessada em adquirir o controle da TIM, a avaliação de fontes do mercado é de que a escolha do novo presidente do conselho da Vivo foi feita independentemente das mudanças na operadora italiana.

O acordo de acionistas firmado entre portugueses e espanhóis prevê que a indicação do presidente-executivo cabe à Portugal Telecom, enquanto a Telefónica tem a prerrogativa de nomear o presidente do conselho de administração da Vivo.

A mudança acontece numa fase crucial para a operadora. Líder no mercado brasileiro, com 28,5 milhões de clientes, a empresa vem perdendo espaço para a concorrência. Além disso, está no início do processo de implantação de uma rede com a tecnologia GSM para funcionar em paralelo à atual, no padrão CDMA.

O posto de presidente de conselho da Vivo encaixa-se como uma luva frente à necessidade de a operadora se reinventar e alterar seu posicionamento no mercado - a Vivo passou anos centrando seu marketing nas vantagens do CDMA.

Segundo Lima, a operadora está trabalhando para cumprir o cronograma que propôs para a instalação da rede GSM, que deverá estar parcialmente implantada até o final deste ano.

O executivo destacou que Amorim chega num momento importante. Além da troca de tecnologia, a operadora trabalhou nos últimos meses para equacionar o problema de clonagem de aparelhos, concluiu uma reestruturação societária e praticamente terminou a unificação dos sistemas de tecnologia da informação utilizados pela Vivo em todo o país.

Lima e Amorim têm características diferentes. O primeiro foi presidente da Credicard e foi para a Vivo com a missão de levar sua experiência no relacionamento com clientes. Amorim, por sua vez, tem um perfil fortemente executivo e agrega como bagagem um conhecimento maior do setor. (TM e HM)