Título: DMR Consulting muda estratégia e após dez anos adota o nome Everis
Autor: Borges, André
Fonte: Valor Econômico, 15/09/2006, Empresas, p. B4

A consultoria espanhola DMR Consulting foi buscar inspiração na montanha mais alta do mundo, o Everest, para encontrar um novo posicionamento no mercado de tecnologia da informação (TI). Não que seus diretores tenham se aventurado pelas cordilheiras do Himalaia atrás de outros rumos para a empresa. Bastou, como aponta o diretor geral da DMR Consulting no Brasil, Juantxo Guibelalde, a simples representatividade do ícone, além, é claro, de mais 6 milhões de euros, dinheiro que será usado para promover o batismo da consultoria, que a partir do próximo mês - quando completará dez anos - passa a se chamar Everis. Faz parte ainda do pacote outros 10 milhões de euros, que serão aplicados no treinamento de consultores.

Não se trata de mera jogada de marketing, garante Guibelalde. Mas então por que jogar fora dez anos investidos em uma marca?

Por trás da decisão, sinaliza o executivo, está a necessidade da empresa se descolar de vez da Fujitsu, que até dois anos atrás controlava 55% de suas operações. Outra mudança está associada a forma como a empresa passou a gerenciar o relacionamento com seus 4 mil profissionais. "Até então, com exceção da diretoria, todos eram funcionários da empresa, mas hoje são todos sócios, comprometidos com os resultados", explica Guibelalde.

A partir da nova marca, a Everis também pretende se voltar para nichos de mercado que até agora não privilegiava, principalmente no Brasil. Nos próximos dois anos, projeta o diretor da empresa do Brasil, as indústrias de manufatura, energia, agricultura e aviação serão seus principais clientes.

Há muito caminho pela frente. Hoje 60% dos clientes da Everis estão no segmento de finanças, 30% no de telecom e apenas 10% em indústria e serviços. Não por acaso, o desembarque da companhia no Brasil em 2001 teve como motivação seu contrato com o espanhol Santander, que acabava de adquirir o Banespa. "Durante três anos, basicamente foi só o que fizemos", conta Guibelalde.

Mas os espanhóis, que no último ano faturaram 240 milhões de euros, acabaram gostando da brincadeira. De lá para cá, contrataram 300 consultores no país e hoje somam cerca de 20 clientes, que respondem por um faturamento médio de 14 milhões de euros. Embora tenha que concorrer com gigantes do setor no setor de TI, como Accenture, Bearing Point e IBM, a Everis também quer se aproximar de mercados hoje atendidos por companhias locais, como CPM, Politec e Stefanini . "Atualmente o Brasil representa cerca de 8% dos negócios da companhia, mas essa participação será de 25% entre dois e três anos", diz.

Para 2007, a meta é contratar pelo menos 900 consultores, sendo 150 no Brasil. "Vamos fazer da base em São Paulo um centro para exportação de serviços", comenta Guibelalde.

Fora da Espanha, a Everis está presente na Argentina, Brasil, Chile e México, Itália e Portugal, somando pouco mais de 4 mil profissionais. Uma nova filial será aberta na Colômbia. Hoje o mercado espanhol responde por 75% dos negócios da companhia. Entre três e cinco anos, diz Guibelalde, essa participação será inferior a 50%.

Por trás da meta de dobrar de tamanho nos próximos três anos estão os planos de, enfim, fazer a abertura de seu capital. Nada tão audacioso para quem já decidiu carregar no próprio nome o sinônimo de teto do mundo.