Título: Oferta de gás vai superar demanda em 2015, aponta trabalho da EPE
Autor: Grabois, Ana Paula
Fonte: Valor Econômico, 15/09/2006, Brasil, p. A2

Estudo realizado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia mostra que a oferta de gás no Brasil será, em 2015, superior à demanda. O presidente da EPE, Mauricio Tolmasquim, entretanto, admitiu que a situação até 2008 vai ficar "um pouco apertada", mas que no ano seguinte voltará a haver "certa folga", em razão da entrada do gás natural liquefeito (GNL) importado no mercado brasileiro.

Na quarta-feira, o diretor da Gás Energy, Marco Tavares, alertou para a possibilidade de falta de gás em 2007 e em 2008, o que levaria a Petrobras a ter que cortar o fornecimento da indústria ou das termelétricas.

De acordo com o estudo do governo, a demanda brasileira em 2015 será de 128 milhões de metros cúbicos/dia, enquanto a oferta foi projetada em 152 milhões de metros cúbicos/dia. As previsões contidas no estudo dão conta de oferta de 30 milhões de metros cúbicos diários oriunda da Bolívia, 20 milhões de metros cúbicos/dia de GNL importado e mais 5 milhões de metros cúbicos diários de gás argentino a ser utilizado na térmica de Uruguaiana. Os 97 milhões de metros cúbicos diários restantes serão supridos pela produção nacional, sendo 61 milhões de metros cúbicos/dia em campos com descobertas e 36 milhões a partir de novas descobertas em campos em fase de exploração.

Sobre as preocupações da indústria e dos distribuidores com eventual aumento de preço nos novos contratos, Tolmasquim disse que "se o setor industrial souber se adaptar para ser mais flexível, vai ter um preço mais competitivo".

O governo, em conjunto com a Petrobras, estuda adotar um modelo de contrato ao gás natural nacional que prevê possibilidade de contratos de fornecimento firmes, interruptíveis (com preço menor) e preferencial, de curto ou de longo prazos. Além disso, os novos contratos serão em parte reajustados por uma cesta internacional de óleos. "Quem exigir contrato firme terá preço maior", afirmou. Além disso, diz, as térmicas podem utilizar outro combustível ou GNL.

Para o gerente de marketing e comercialização de gás da Petrobras, Rogério Manso, que também participava da mesma mesa de debates na conferência Rio Oil & Gas, o acordo contratual entre o Brasil e a Bolívia com relação ao abastecimento do gás até 2019, conjugado à entrada do gás natural liquefeito importado "dá um nível de risco muito tolerável" ao mercado.