Título: Setor de bens intermediários lidera lista de companhias habilitadas ao incentivo
Autor: Watanabe, Marta e Bueno, Sergio
Fonte: Valor Econômico, 15/09/2006, Brasil, p. A4

A procura pelo Recap acontece predominantemente em segmentos naturalmente exportadores e cuja produção não tem demanda suficiente no mercado interno. Por isso, lideram a lista empresas do setor de celulose, siderurgia e alimentos básicos, como frutas, castanhas e pescados.

Instalada em Mossoró, interior do Rio Grande do Norte, a Usina Brasileira de Óleos e Castanha Ltda. (Usibras) usou o Recap para comprar máquinas há dois meses, quando aumentou a produção em 15%. A companhia não divulga valores, mas diz que produz hoje 40 mil toneladas de castanha de caju por ano - exporta cerca de 84% de sua produção a granel.

Segundo o diretor da empresa, Guilherme Assis, a perspectiva da companhia é exportar no mínimo 80% porque sua produção não teria absorção no mercado interno. Para ele, o benefício do Recap foi apenas pontual, dentro do cronograma de investimentos que a empresa faz periodicamente. Para Assis, um benefício que faz mais diferença no fluxo de caixa da empresa é a suspensão de PIS e Cofins na compra de produtos intermediários, como embalagens, outro benefício previsto pela Lei do Bem. Essa suspensão traz mais vantagens, segundo ele, porque reduz tributos em aquisições freqüentes, que fazem parte do dia-a-dia da empresa.

Segundo ele, a empresa tem como minimizar o efeito do câmbio sobre as exportações. "O maior impacto tem sido sobre os produtores de castanha." Há três anos, diz ele, a Usibras pagava R$ 1,50 o quilo do produto. No ano passado, deu R$ 1,15 e este ano deverá oferecer R$ 0,80. A empresa compra de agricultores toda a castanha utilizada.

A Companhia Siderúrgica do Pará (Cosipar) aproveitou o Recap para melhorar o fluxo de caixa de um projeto antigo, a criação da Usina Siderúrgica do Pará (Usipar), que deverá iniciar atividades no próximo mês. Com 100% do capital da Cosipar, a Usipar deverá destinar cerca de 90% de sua produção para as exportações. Ela será produtora de ferro-gusa, com verticalização para a produção de aço. Operará ainda um terminal portuário, transporte e logística. Terá, segundo a Cosipar, 230 empregados inicialmente, mas planeja contratar mais 100 trabalhadores em meados de 2007 porque iniciará o processo de sinterização, na qual os resíduos sólidos resultantes da fabricação do ferro gusa serão reaproveitados. Sua capacidade será de 500 mil toneladas ao ano. O investimento total na Usipar, desde o ano passado, foi de R$ 69 milhões.

A Cenibra também aproveitou o Recap em meio ao processo de expansão para ampliar em 200 mil toneladas a produção atual de 940 mil toneladas de celulose. O investimento total de US$ 179 milhões incluiu a compra de uma caldeira e, dentro do Recap, a empresa pretende adquirir um novo forno de cal e caustificação, além de outros equipamentos para aumentar a capacidade dos processos de branqueamento, evaporação, e secagem, entre outros.

A companhia considera o aumento de produção importante para manter a participação no mercado mundial de celulose de fibra curta de eucalipto, hoje em torno de 10% - a empresa exporta 90% da produção. O incentivo do Recap também será usado para aquisição de equipamentos florestais para uso no cultivo de eucaliptos mantido pela empresa. (MW)