Título: Presidente minimiza investigação do TCU
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 15/09/2006, Política, p. A6

O presidente encontrou-se na manhã de ontem com empresários gaúchos, ouviu queixas sobre a crise no Sul, e a ministra Dilma Rousseff admitiu avaliar propostas sobre uma renegociação da dívida do Estado com a União O presidente Luiz Inácio Lula da Silva minimizou ontem a decisão do Tribunal de Contas da União de investigar possíveis irregularidades na confecção de cartilhas pelo governo federal. "Não é uma posição do TCU. O Tribunal faz isso desde que existe e, portanto, que continue fazendo " , disse, antes de jantar com empresários na residência do ministro Luiz Fernando Furlan. "Queremos usar o TCU, o Ministério Público, a Polícia Federal e a Controladoria da União como instrumentos para que possamos ter uma política transparente. A oposição fala o que quiser", completou

Este foi o quarto jantar de Lula com empresários - o terceiro na casa de Furlan. Além de um jantar no Alvorada, com o grupo da construção civil, o presidente também almoçou com empresários do setor de turismo na casa do ministro das Comunicações, Hélio Costa. Lula tem mantido esses encontros para, segundo o governo, ouvir do setor produtivo propostas e fórmulas que permitam ao país crescer de forma mais acelerada em um segundo mandato.

Entre os empresários presentes ao encontro de ontem estavam Alberto Geyer (Unipar), Alessandro Carlucci (Natura), Alexandre Gonçalves Silva (General Eletric), Benjamin Steinbruch (CSN), Bolivar Moura (Ipiranga), Carlos Antônio Rosa (Camargo Corrêa), Carlos Ribeiro da Silva (HP do Brasil), Domingos Bulus (White Martins), Eugênio Staub (Gradiente), Flávio Gurgel Rocha (Guararapes), Gustavo Marin (Citibank), Paulo Tigre (Fiergs), Pedro Moreira Sales (Unibanco), Roberto Resende Barbosa (Nova América), Rogério Oliveira (IBM) e Walter Fontana (Sadia).

Embora o próprio Furlan

tenha brincado, no último jantar, que "todos os presentes eram maduros o suficiente para escolher o candidato na eleição de outubro", Lula tem feito pedidos e promessas. Na primeira reunião na casa de Furlan, propôs um pacto pelo desenvolvimento. Na segunda, comprometeu-se a acelerar a tramitação da reforma tributária caso seja reeleito em outubro.

No fim da manhã de ontem, Lula recebeu, no Planalto, uma delegação de empresários gaúchos, com a presença da chefe da Casa Civil, ministra Dilma Rousseff, do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan e do ministro da coordenação política, Tarso Genro.

O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Paulo Tigre, aproveitou para destacar as agruras econômicas vividas por seu Estado. Segundo ele, o Rio Grande do Sul passa por dificuldades por conta de três secas na Região Sul.

"Não estamos conseguindo vender os nossos produtos", lamentou. Uma das principais reivindicações do grupo é a efetivação da Lei Kandir, que reembolsa os Estados exportadores que perdem receita por conta da desoneração do ICMS. "Este é um setor que emprega muita mão-de-obra no Estado", acrescentou.

A ministra Dilma Rousseff lembrou que as conversas do governo com os empresários gaúchos já resultaram, há cerca de um mês, na criação de uma linha de financiamento especial voltado para os setores couro-calçadista, moveleiro e de máquinas e implementos agrícolas.

Além dos pontos ressaltados pelo presidente da Federação da Indústria do Rio Grande do Sul, Dilma acrescentou que os empresários sulistas insinuaram uma proposta de renegociação da dívida estadual com o governo federal. "O governo não tem controle sobre isso. Recebemos as propostas e vamos avaliá-las. Apesar de ser um assunto de âmbito nacional, é preciso analisar que o Rio Grande do Sul vive uma situação especial", acrescentou a ministra, sem explicitar se o governo concordaria em reabrir a discussão sobre a dívida gaúcha com a União.