Título: Dilma recebe líderes com críticas aos países ricos
Autor: Moura , Paola
Fonte: Valor Econômico, 21/06/2012, Especial, p. A11

Diante de uma plateia com o maior número de chefes de Estado desde a posse, a presidente Dilma Rousseff fez, ontem, críticas contundentes ao modelo de desenvolvimento do primeiro mundo e à transferência de indústrias mais poluentes do hemisfério Norte para o Sul.

Discursando para chefes de Estado como presidente francês François Hollande, o do Equador, Rafael Correa, do Irã, o polêmico Mahmoud Ahmadinejad, e o do Zimbabwe, Robert Mugabe, Dilma afirmou que os modelos atuais estão esgotados e não são capazes de resolver os problemas contemporâneos. Ela acrescentou que, apesar disso, os países em desenvolvimento vêm passando por um momento de significativo crescimento. "A recuperação da economia mundial, para ser estável, tem que ser global."

Em seu discurso, Dilma voltou a criticar a forma como os países desenvolvidos em crise vem cortando benefícios. "Neste momento, o mundo atravessa a pior crise da sua história desde a década de 30. Não podemos fazer políticas de ajustes com a parte mais frágil, os trabalhadores, os aposentados ou as mulheres. São modelos que se esgotaram, que não são capazes de resolver os problemas contemporâneos", afirmou a presidente.

Dilma disse que o Brasil tem avançado muito em suas políticas de crescimento distribuindo riquezas. " Incluímos 40 milhões na classe média, criamos 18 milhões de empregos, expandimos a nossa matriz energética limpa e temos 45% de fontes de energia renovável. Sabemos que o desenvolvimento sustentável é a melhor resposta", afirmou. Dilma ressaltou ainda que o desenvolvimento sustentável "implica mais de distribuição de riqueza, em mais emprego, em mais distribuição de renda, acesso à educação, à saude e à segurança, ao bem-estar da população".

Ao terminar, a presidente elogiou o documento-base acordado na terça-feira, considerado pelos representantes do governo como uma vitória brasileira: "O texto é resultado de um esforço. Representa a decisão de não retroceder nos compromissos assumidos em 92". Dilma ressaltou que foram introduzidos novos conceitos no texto, como o da erradicação da pobreza como objetivo global, o princípio de desenvolvimento sustentável, o fortalecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e a ampliação da participação da sociedades civil na discussão dos temas, entre outros.

A presidente concluiu dizendo que os "olhos do mundo estão voltados para o Rio. Demonstramos capacidade de lidera e de agir. O futuro das próximas gerações aguarda as decisões".

O texto-base da conferência também foi mencionado pela presidente. Entre os pontos de acordo, Dilma Rousseff disse que o objetivo de erradicação da pobreza é o maior desafio global que o mundo enfrenta. Ela também afirmou que o texto inclui um entendimento dos países de que o PIB é um indicador insuficiente para avaliar o grau de desenvolvimento de uma nação.

"Reconhecemos a insuficiência do PIB para medir o critério de desenvolvimento. E lançamos a alternativa de critérios tanto ambientais quanto sociais para medir o desenvolvimento", afirmou.

Dilma disse ainda que o texto incentiva as empresas a incluir informações de sustentabilidade em seus balanços financeiros. Ela acrescentou que o documento traz ações para promoção de padrões sustentáveis de produção e consumo.