Título: Alckmin lança cartilha anticorrupção
Autor: Moreira, Ivana
Fonte: Valor Econômico, 15/09/2006, Política, p. A7

O candidato à Presidência Geraldo Alckmin (PSDB) prometeu ontem, em Juiz de Fora, recuperar todo o dinheiro público desviado por atos de corrupção. "Vamos colocar a Advocacia Geral da União trabalhando com empenho nisso para recuperar centavo por centavo, tudo", afirmou o candidato. O tucano escolheu a cidade mineira para lançar a cartilha "Combate à Corrupção", com 14 medidas administrativas e legislativas que pretende adotar, se for eleito.

A criação de um setor especializado dentro da Advocacia Geral da União (AGU) para promover a execução das sentenças condenatórias do Tribunal de Contas da União (TCU) e recuperar o dinheiro é uma delas. Outra proposta é o acabar com a Comissão Mista de Orçamento e limitar as emendas individuais às prioridades pré-estabelecidas no Orçamento.

Na cartilha, Alckmin afirma que o Parlamento não é o único responsável pelos desvios de verbas do Orçamento. "O Executivo também é o principal responsável por todo esse processo, pois utiliza o Orçamento como moeda de troca política", diz o texto.

Em relação aos funcionários corruptos, o tucano prega demissão e punição rápidas para evitar a sensação de impunidade, que é um estímulo para corrupção. As propostas apresentadas ontem por Geraldo Alckmin passam também por mecanismos de controle dos gastos públicos. Se eleito, prometeu, tornará obrigatórios o leilão e bolsa eletrônica para todas as compras e contratação de serviços. "Em São Paulo, conseguimos economizar 22% comprando carros por leilão eletrônico. Em cada 100 carros, 22 saíram de graça."

Em discurso para prefeitos e lideranças políticas da Zona da Mata mineira, o ex-governador de São Paulo afirmou que não foi por acaso que escolheu lançar em Juiz de Fora seu pacote de combate à corrupção. Segundo ele, mineiros como o ex-presidente Itamar Franco (sem partido) e o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB) - ambos no palanque - são exemplos da boa política, feita com honestidade e eficiência. "Política não pode ser um clube de má fama." Sua escola, acrescentou o candidato, é a mineira.

Na base eleitoral de Itamar Franco, Alckmin pediu apoio para chegar ao 2º turno e destacou que é especialista em virar eleição. "Se dermos mais quatro anos ao PT, serão quatro anos perdidos", afirmou. "Se isso acontecer, no dia seguinte, começam (eles, do PT) a discutir 2010, porque não têm lideranças."

Aécio Neves, que reforçou sua participação na campanha de Alckmin e apareceu ontem no programa eleitoral do candidato, pediu ontem à sua "turma" da Zona da Mata - os prefeitos que o apóiam para a reeleição no governo do Estado - que reforcem a campanha do colega paulista e trabalhem na mesma direção nos próximos 15 dias, para que a votação cresça no Estado. "Quando as pessoas estão se confrontando em razão de projetos pessoais ou partidários, é difícil de acontecer", comentou, numa crítica velada às disputas internas do PSDB.

Mais uma vez, Aécio evitou comentar declarações de correligionários como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ou o ex-presidente José Serra. Segundo ele, a hora é de focar os esforços na campanha de Geraldo Alckmin para atingir o objetivo que é chegar ao segundo turno.