Título: Marqueteiro abandona a campanha de Yeda no RS e cobra dívida na Justiça
Autor: Bueno, Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 15/09/2006, Política, p. A8

Terceira colocada nas pesquisas de intenção de voto para o governo do Rio Grande do Sul, atrás do governador Germano Rigotto (PMDB) e de Olívio Dutra (PT), a deputada federal Yeda Crusius (PSDB) deverá enfrentar uma ação de cobrança movida pelo coordenador de marketing da campanha, Chico Santa Rita. O publicitário decidiu abandonar a candidata tucana no início do mês e recorrer à Justiça para receber quase R$ 700 mil, depois que o cheque que deveria ser descontado no dia 19 de agosto foi devolvido duas vezes por ausência de fundos.

De acordo com Santa Rita, o montante refere-se a trabalhos executados até agosto, já que o orçamento para toda a campanha era de quase R$ 1,4 milhão. "Já fiz mais de cem campanhas e nunca vi uma situação como esta", afirmou. Este foi o primeiro trabalho do consultor no Estado e, segundo ele, os únicos pagamentos que recebeu até agora foram de pequenos valores relativos a alguns comerciais produzidos em abril e maio. Os cinco colaboradores diretos do coordenador também saíram.

Yeda não quis comentar o assunto ontem. Segundo a assessoria da candidata, as dificuldades financeiras da coligação "Rio Grande Afirmativo" (que inclui ainda o PFL, PPS, PL e mais oito partidos nanicos) chegaram a provocar a saída de cerca de 60 pessoas, incluindo a equipe da produtora Timeline. Algumas dessas pessoas, porém, foram recontratadas e retomaram a produção dos programas, informou a assessoria.

Em nota divulgada no endereço da candidata na internet, a coordenação da campanha afirma que não dispõe de "estruturas poderosas como a do governo do Estado e a do governo federal", numa alusão às candidaturas de Germano Rigotto e Olívio Dutra. "Enfrenta, sim, desafios financeiros que estão sendo superados com muita garra, responsabilidade e transparência", diz a nota.

Apesar de apresentar um bom desempenho nas pesquisas de intenção de voto, inclusive aproximando-se do candidato do PT, Yeda aparece em quarto lugar em arrecadação de contribuições (considerando-se também as doações aos comitês financeiros). Conforme as informações disponíveis na página do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na internet, o valor ficou em R$ 1 milhão em agosto e setembro, ante R$ 3,5 milhões de Rigotto e do PMDB, de pouco mais de R$ 1,3 milhão do PDT e do candidato do partido, Alceu Collares (quarto nas pesquisas de intenção de voto), e de quase o mesmo valor de Olívio e do PT.