Título: Ministros querem retomada de Doha
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Fonte: Valor Econômico, 18/09/2006, Finanças, p. C8

Ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais de 24 países fizeram ontem um apelo enfático pela retomada das negociações da Rodada Doha de liberalização do comércio mundial, suspensas desde julho por causa de diferenças insuperáveis entre os países ricos e as nações em desenvolvimento. Num comunicado divulgado após encontro do comitê que se reúne duas vezes por ano para examinar a atuação do FMI, o grupo expressou seu "profundo desapontamento" pelo colapso da rodada e exortou os países a retomar as negociações a tempo de concluir um acordo abrangente até o fim deste ano.

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, participou da reunião de ontem, que foi antecedida por café da manhã dos ministros com um grupo de banqueiros e empresários. O comunicado do grupo de ministros é parecido com outras manifestações recentes de líderes mundiais em defesa da retomada das negociações comerciais. "[O comitê] exorta a todos os membros da OMC para que mantenham seu compromisso com o sistema multilateral de comércio, resistam aos apelos protecionistas e preservem o progresso que já foi feito [na rodada]", diz o comunicado.

As negociações da Rodada Doha foram suspensas por causa da resistência dos EUA e da União Européia a cortes em seus subsídios agrícolas e da relutância de países como o Brasil e a Índia em aceitar uma abertura maior de seus mercados para produtos estrangeiros. A suspensão da rodada e o aumento do protecionismo em vários países foram apontados nos últimos dias como um dos principais riscos presentes no cenário mundial, por causa do impacto que a criação de novas barreiras ao comércio poderá ter sobre a continuidade do prolongado ciclo de expansão que o mundo atravessa.

"Em todos esses anos no FMI nunca vi uma discussão tão determinada para que levemos as negociações comerciais a uma conclusão", disse o ministro britânico Gordon Brown, que também preside o comitê que se reuniu ontem. Os ministros anunciaram um plano para doar US$ 4 bilhões a países em desenvolvimento para ajudá-los a realizar obras de infra-estrutura necessárias para aumentar sua participação no comércio internacional. (RB)