Título: BrT, em tese, está interessada na TIM
Autor: Camarotto, Murillo e Silva Júnior, Altamiro
Fonte: Valor Econômico, 18/09/2006, Empresas, p. B3

O presidente da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, Sérgio Rosa, disse no último sábado que a elaboração de uma eventual oferta de compra da TIM Brasil caberá exclusivamente à diretoria da Brasil Telecom (BrT), da qual a Previ é controladora juntamente com o Citigroup. Ele admitiu, no entanto, que, "em tese", a BrT estaria interessada nos ativos da operadora móvel.

A questão surgiu a partir de declarações de fontes ligadas ao bloco controlador da Brasil Telecom, que indicaram a possibilidade de uma incorporação da TIM Brasil pela BrT para posterior pulverização do capital da operadora na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), em uma operação semelhante à que a Telemar pretende fazer. Rosa observou que essa também pode ser uma opção.

Rosa afirmou, no entanto, que "ainda não está clara" a intenção da Telecom Italia de vender a TIM e que, por isso, a Previ ainda não tem nenhuma avaliação sobre o potencial do negócio. "A empresa é quem vai decidir sobre uma possível oferta. Nós, como sócios, só iremos avaliar depois". Segundo ele, na semana passada, a fundação não conversou com o Citi ou com nenhuma das partes envolvidas.

Sobre uma possível mudança nas regras dos fundos de pensão, para facilitar a compra da Tim pelos fundos sem a participação da BrT (informação mencionada no blog do prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia) Rosa disse desconhecer qualquer coisa neste sentido.

Ele salientou, no entanto, que a prioridade da Previ é diminuir a proporção de seus investimentos em renda variável, atualmente em 60% do total. Pela resolução 3.121 do Conselho Monetário Nacional, os fundos devem limitar a 50% seus investimentos em ações. Mesmo assim, Rosa afirmou que isso "não é um impedimento" para uma eventual oferta pela TIM.

Wagner Pinheiro, presidente da Petros, o fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, afirmou que a fundação tem como objetivo, dentro da carteira de renda variável, reduzir sua participação em empresas do setor de telecomunicações. A idéia é investir mais em infra-estrutura.

Na última sexta-feira, o presidente da Telecom Italia, Tronchetti Provera, pediu demissão do cargo, em função das fortes críticas que sofreu depois de anunciar o plano de reestruturação da companhia, que prevê a divisão da empresa em três unidades de negócios. O novo presidente, Guido Rossi, indicado pelo próprio Provera, já deu sinais de que seguirá o plano de Tronchetti (ver página B2). Para Rosa, a troca no comando da operadora deixa ainda mais dúvidas no ar.

Na prática, a reorganização prevê que a companhia passe a dar prioridade a banda larga e mídia, e separe as divisões de redes e de telefonia móvel (a TIM). Fala-se, entretanto, que a idéia envolve também a venda da TIM, a operação mais lucrativa do grupo, como forma de reduzir o endividamento da Telecom Italia, atualmente em 41 bilhões de euros.

Rosa e Pinheiro participaram no final de semana de seminário em Angra dos Reis promovido pela Abrapp, a associação dos fundos fechados, que têm investimentos superiores a R$ 340 bilhões no Brasil.

Os repórteres viajaram a convite da Abrapp