Título: Planalto desmente teor de diálogo
Autor: Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 18/09/2006, Política, p. A4

Repercussões de comentários que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria feito durante jantar com empresários agitaram o Palácio do Planalto no fim-de-semana. Lula teria dito que tinha vontade de fechar o Congresso para aprovar mais rapidamente as reformas econômicas. Porta-voz da Presidência desmentiu a informação.

O suposto diálogo foi reproduzido na coluna do jornalista Elio Gaspari, ontem, na "Folha de São Paulo". Segundo essa versão, o proprietário da Gradiente, Eugênio Staub, perguntou ao presidente da República como pretendia fazer as reformas que julga necessárias no segundo mandato.

Segundo a coluna do jornalista, reproduzida em outras publicações, Lula teria respondido: "Staub, não acorde o demônio que tem em mim, porque a vontade que dá é fechar esse Congresso e fazer o que é preciso".

Informações sobre as conversas durante o mesmo jantar, oferecido quinta-feira pelo ministro do Desenvolvimento, Luiz Furlan, também foram veiculadas na coluna da jornalista Sonia Racy, de "O Estado de S.Paulo", e trouxeram outra versão.

Segundo a colunista, à pergunta de um dos convidados sobre o que seria preciso fazer para o Brasil crescer num ritmo maior, quem sabe no ritmo da China, o presidente da República respondeu: "Aqui é mais complicado. A China é uma ditadura. Para fazer isso, só se eu fechasse o Congresso".

Durante um vôo entre Salvador e Belém, depois de um comício, na madrugada de ontem, Lula desmentiu a informação. "Não tem cabimento. Eu tenho dito isso sobre a China, que lá é fácil, não tem Congresso solto, não tem estudante, não tem greve, não tem sindicato", disse o presidente a jornalistas que acompanhavam a viagem.

Durante o dia, o Palácio do Planalto divulgou desmentido oficial. "É falso que o presidente tenha, em qualquer momento, feito afirmação que pudesse ser entendida como uma ameaça ou hipótese de restrição ao livre, pleno e soberano funcionamento do Congresso Nacional", informou nota assinada pelo porta-voz da Presidência, André Singer.

Procurado ontem, pelo Valor, assessor de Eugênio Staub disse que o empresário não vai se pronunciar sobre o assunto.

À mesa do jantar durante o qual o tema foi abordado estavam sentados o ministro Furlan, o proprietário do Grupo Ultra, Paulo Cunha, o diretor do Unibanco, Pedro Moreira Salles, e o presidente da Câmara Americana de Comércio, Hélio Magalhães. (Com agências noticiosas)