Título: Vice de Serra explicita disputa entre Kassab e Alckmin
Autor: Vandson Lima
Fonte: Valor Econômico, 28/06/2012, Política, p. A12

A briga pela indicação do candidato a vice na coligação que terá José Serra (PSDB) como postulante à Prefeitura de São Paulo ganhou novos contornos ontem. De um lado, a executiva do PSDB aprovou um manifesto em que reivindica a chapa pura. De outro, o PR comunicou à chapa, por nota, que só abdica do posto se o vice for indicado pelo PSD, partido do prefeito Gilberto Kassab.

Nas entranhas dessa batalha entre aliados se avoluma a disputa entre o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e Kassab, ambos com olhos postos em 2014 e ciosos em ceder espaço para o outro na composição da chapa serrista.

A executiva do PSDB na capital paulista aprovou na terça-feira, por unanimidade, a defesa de que o vice de Serra seja também um nome da sigla - o ex-secretário estadual de Cultura Andrea Matarazzo, próximo de Serra, e o deputado federal Edson Aparecido, aliado de Alckmin, figuram como favoritos.

A leitura no tucanato é de que o PSDB já cedeu o suficiente aos aliados ao aceitar a formação de uma mesma chapa de vereadores, o que em tese prejudicaria o desempenho do partido na eleição proporcional. Veem ainda na manifestação do PR as digitais de Kassab, principal articulador da adesão do partido à aliança.

Principal líder do PR na cidade de São Paulo, o vereador Antonio Carlos Rodrigues disse não considerar uma ameaça o fato de seu partido reivindicar a vice. "De maneira nenhuma. Só queremos sentar e conversar, não podemos saber as coisas apenas pelos jornais", afirmou. "Quando combinamos a aliança, houve acordo para que o partido com a maior bancada ficasse de vice. Se mudou, queremos postular a vaga", avisou.

O vereador diz que não ter conversado com o prefeito Gilberto Kassab antes de redigir a nota. O prefeito deseja indicar o vice e ofereceu o ex-secretário municipal de Educação Alexandre Schneider para a vaga. O DEM, antigo partido de Kassab, quer que o escolhido seja o deputado federal Rodrigo Garcia (DEM). O PV também pleiteia a vice, com o ex-secretário municipal de Meio Ambiente Eduardo Jorge.

Durante a convenção tucana que oficializou a candidatura Serra, no domingo, o presidente do PV, José Luiz Penna, chegou a dizer que haveria um "processo de queimação" nas denúncias de que seu correligionário teria recebido propina enquanto estava no cargo. Para Penna, isso ocorreria justamente por Jorge ser um dos nomes considerados para a vice de Serra. Questionado se a "queimação" viria de partidos aliados, se limitou a dizer "Aí eu não sei". Hoje, a coordenação de campanha de Serra se reúne com os aliados.

Ontem, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) multou Serra em R$ 5 mil por propaganda eleitoral antecipada, em decisão do juiz Henrique Harris Junior. É a terceira multa do candidato do PSDB a prefeito da capital paulista neste ano. As punições totalizam até o momento R$ 20 mil. O PT acusou Serra, em representação ao TRE, de divulgar sua candidatura no site www.joseserra.com.br, por meio de comentários dos leitores. O parecer do Ministério Público Eleitoral (MPE) é favorável à multa, sob a alegação de que os comentários são moderados pelo proprietário, que "não pode alegar ignorância ou desconhecimento acerca do seu conteúdo".