Título: Criação de empregos este ano deve repetir 2005
Autor: Galvão, Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 19/09/2006, Brasil, p. A4

A criação de empregos com carteira de trabalho assinada deve ficar no mesmo nível do 1,25 milhão registrado no ano passado. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, admite que, apesar da expectativa anterior mais otimista, o governo fez um "ajuste" na sua avaliação para o desempenho do mercado em 2006. De janeiro a agosto, o saldo entre contratações e demissões foi de 1.207.070 empregos formais, o que representa queda de 1% em relação a igual período de 2005.

Com relação ao mês de agosto, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho mostra que o saldo foi de 128.915 postos de trabalho com carteira assinada. Na comparação com agosto do ano passado, esse saldo foi 4,83% menor.

A previsão anterior do governo era a de 2006 ter um saldo maior que 2005 (1,25 milhão), porém inferior ao registrado em 2004 (1,52 milhão). Mas os números do Caged vêm mostrando que haverá estabilidade na criação de empregos este ano.

"Estamos num bom momento, com um crescimento que não é o que desejamos, mas preparando uma nova fase", avaliou Marinho. Para o ministro, as turbulências políticas, o ritmo de queda dos juros, a seca na agricultura e muitos outros fatores podem explicar o ritmo da criação de empregos formais neste ano. Mas, na análise do governo, o que importa é que foram criadas as bases para um maior crescimento, com destaque para a menor dependência externa. "Temos de dar seqüência à redução da taxa de juros e ampliar os investimentos em infra-estrutura", recomenda Marinho.

Para o ministro do Trabalho, apenas fazer o país crescer não basta. É indispensável que também ocorra distribuição de renda. Por outro lado, Marinho também reconheceu que as políticas de inclusão social e de valorização do salário mínimo têm de ser acompanhadas, necessariamente, de crescimento da economia.

O comércio criou, em agosto, 30.192 vagas, mas, no mesmo mês do ano passado, o saldo entre demissões e contratações nesse setor foi de 43.353 postos de trabalho. Essa queda de 30,35% no ritmo de crescimento do emprego do comércio foi atribuído pelo ministro do Trabalho ao limite que cada estabelecimento tem para contratar vendedores. Marinho afirmou que, no comércio, é predominante a presença de micros e pequenas empresas e, portanto, a ampliação do emprego formal depende de novos empreendimentos.

A esperança do governo, segundo Marinho, é, a partir do ano que vem, iniciar o impacto positivo da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, que foi aprovada recentemente na Câmara e ainda depende de votação no Senado. Essas normas de desoneração e desburocratização devem significar renúncia fiscal de mais de R$ 5 bilhões por ano à União. Em 2002, era de aproximadamente 1,2 milhão a estimativa de empregos informais no país. "Espero que a Lei Geral possibilite a formalização de 1 milhão de empregos a partir do ano que vem", disse o ministro.

De janeiro a agosto, o Caged revelou que o setor de serviços foi o que mais criou empregos no regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT): 441.615 vagas. Em segundo lugar, veio a indústria, com 264.663 postos. Em seguida, está a agricultura, com saldo de 205.602 empregos. Na construção, foram criados 118.839 postos nesses oito meses.

Por fatores sazonais, a agricultura teve, em agosto, saldo negativo de 13.727 postos de trabalho. Em agosto de 2005, a redução do emprego celetista na agricultura foi mais intensa: -20.541 postos.

Em agosto, a indústria teve saldo de 28.788 empregos celetistas e os segmentos que mais contribuíram foram os de alimentos, têxtil, química e calçados. Pelo segundo mês consecutivo (julho e agosto), o Caged registrou saldo positivo no segmento industrial de calçados. No mês passado, foram criados 2.726 postos.

Nove regiões metropolitanas criaram mais empregos celetistas (64.025) que as cidades do interior (28.790) dos Estados. Segundo o Ministério do Trabalho, esse comportamento do mercado é normal para o início do segundo semestre.