Título: Espanha deve aumentar volatilidade da Bovespa
Autor: Takar , Téo
Fonte: Valor Econômico, 30/05/2012, Finanças, p. C2

A crise europeia deve assustar os mercados mundiais novamente nesta quarta-feira. Os investidores souberam ontem à noite que o Banco Central Europeu (BCE) rejeitou o plano da Espanha para recapitalizar o Bankia, segundo informou o "Financial Times". A rejeição ocorre num momento delicado para a Espanha, que enfrenta taxas elevadas para tomar empréstimos no mercado, e agrega mais volatilidade aos negócios, em um dia que já promete ser tenso por aqui em função das expectativas sobre a reunião do Copom e da agenda cheia de indicadores.

Ontem, a Bovespa devolveu parte dos ganhos dos dois pregões anteriores, pressionada pelos papéis de construção. As ações da Vale chegaram a subir forte com a expectativa de medidas de estímulo na China, mas perderam fôlego no fim do dia. O noticiário local foi recheado de negócios entre empresas, que decidiram acelerar aquisições antes da entrada em vigor da nova lei de defesa da concorrência. Também circularam rumores sobre novas medidas do governo.

O Ibovespa fechou em baixa de 1,05%, aos 54.633 pontos, com volume de R$ 6,327 bilhões. Entre as ações mais negociadas, Petrobras PN subiu 0,31%, para R$ 18,85; OGX ON fechou em baixa de 0,52%, para R$ 11,36; Vale PNA ganhou 1,38%, a R$ 36,60; e Vale ON terminou em alta de 1,68%, a R$ 37,50. As ações da Vale reagiram à notícia do jornal "Shangai Securities News", de que o governo chinês prepara um pacote de estímulos ao setor automotivo.

A lista de maiores baixas trouxe construção em peso: PDG Realty ON (-11,37%), Brookfield ON (-7,19%), Gafisa ON (-6,33%), Rossi ON (-5,54%) e MRV ON (-4,20%). Depois de três pregões seguidos de forte alta, os papéis corrigiram boa parte dos ganhos. Além disso, o J.P. Morgan divulgou relatório rebaixando a recomendação de algumas empresas. No documento, o banco afirma que as construtoras precisam mostrar que seus respectivos modelos de negócio funcionam.

BM&FBovespa ON (1,88%) foi a maior alta do índice. Os papéis da bolsa reagiram a rumores de que o governo poderá adotar medidas para atrair o capital estrangeiro de volta ao mercado local. Entre as possibilidades estaria a retirada da cobrança de IOF sobre derivativos. Atualmente, há imposto de 1% sobre a variação da posição vendida líquida em derivativos cambiais acima de US$ 10 milhões e também alíquota 6% sobre depósitos de margem em garantia.

A lista de transações corporativas foi extensa, com empresários se antecipando às novas regras do Cade. O BTG Pactual anunciou a compra de 35,9% da rede varejista Leader por R$ 558,4 milhões. O banco pretende elevar sua fatia para 70%, desembolsando ao todo R$ 1,070 bilhão. BTG ON subiu 0,41%. A Duratex comprou a metalúrgica Ipê, fabricante de válvulas industriais de bronze que pertencia à Lupatech, por R$ 45 milhões. Duratex ON caiu 2,04% e Lupatech ON perdeu 0,25%. A Kroton comprou o grupo Uniasselvi, de Santa Catarina, por R$ 510 milhões, tornando-se o maior grupo educacional do país. A ação ON avançou 4,88%.