Título: Serra associa panes no metrô a sabotagem eleitoral da oposição
Autor: Agostine , Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 31/05/2012, Política, p. A10

Ex-prefeito e ex-governador de São Paulo, o pré-candidato do PSDB à prefeitura da capital paulista, José Serra, associou ontem problemas registrados no metrô e na CPTM a suposta "sabotagem eleitoral" articulada pela oposição.

Ao falar sobre as repetidas falhas nos sistemas do metrô e da CPTM, em sabatina promovida pelo SBT e pelo portal Terra, o pré-candidato do PSDB insinuou que há motivações político-eleitorais por trás das panes. "Eu não descarto, numa parte, sabotagem, porque você sabe que uma porta aberta paralisa o trem. Se você puser um jornal, um pacote de jornal, uma gravata, você consegue parar", disse. Questionado se as supostas sabotagens teriam ligação com a eleição de outubro, respondeu: "Com vistas à eleição. Eu não diria que é tudo não, entendeu? Você tem uma combinação de coisas. Quando eu fui governador teve problemas assim também". Na sequência, Serra foi questionado sobre quem teria interesse nisso. "Quem? É a oposição".

Os recentes problemas no sistema de transportes sobre trilhos em São Paulo, com a colisão entre dois trens do metrô que deixou pelo menos 49 pessoas feridas, a greve dos metroviários na semana passada e sucessivas panes, voltaram a alimentar o embate entre PT e PSDB sobre mobilidade urbana.

Ontem, Serra ressaltou as ações de sua gestão no governo do Estado, entre 2007 e 2010, e disse que as falhas no metrô e na CPTM se devem ao aumento do número de passageiros. O ex-governador disse que os investimentos na área de transportes sobre trilhos foram triplicados nos últimos cinco anos, mas o volume de passageiros cresceu em um ritmo maior. "Na década passada investimos R$ 10 bilhões. Em 2005, 2006 havia 4 milhões de passageiros/dia no metrô e CPTM. Hoje tem 8 milhões", disse. "Aumentou muito o volume, então é natural que se produzam desajustes. Algumas coisas [são] puramente acidentais, como foi o caso desse choque dos trens dos vagões, que por sorte não teve nenhum ferido grave. Isso acontece em todo o mundo e o que tem de fazer é prevenir. Cada fato desse deve servir para evitar os problemas futuros", declarou na sabatina.

Na entrevista, o pré-candidato tucano disse ser contra a proposta de implementação do pedágio urbano em São Paulo.

Serra reiterou que, se eleito, não deixará a prefeitura paulistana para disputar a Presidência da República em 2014. O tucano evitou, no entanto, sinalizar apoio à pré-candidatura presidencial do senador Aécio Neves (MG). Serra disse que Aécio é um dos nomes do partido, mas não o único. "Poderão [sic] haver outros nomes". O pré-candidato disse que, se for tentar novamente a Presidência, será depois dos quatro anos na prefeitura da capital paulista.

Durante a sabatina, Serra acusou um dos jornalistas que o entrevistava de estar pautado pela oposição. O jornalista do SBT comentou que partidos como PT e PMDB apostaram em nomes novos para disputar esta eleição em São Paulo e perguntou ao pré-candidato qual será sua estratégia para apresentar-se com algum tipo de inovação.

"Agora os adversários vão dizer de tudo, até para poder pautar a imprensa, como é o seu caso, você é pautado por aqueles que desejam combater e ganhar a eleição e vão dizer qualquer coisa", respondeu Serra. "Então é melhor não dar muita bola para isso e trabalhar firmemente, positivamente porque adversário vai tender a querer sempre o quanto pior, melhor".

Ex-ministro da Saúde, o tucano citou sua atuação na Pasta como exemplo de inovação e disse que foi o último titular do cargo a promover grandes mudanças. "Na saúde todas as inovações principais foram feitas até 2002. De lá para cá, na era petista, só estagnação ou cópia", afirmou. Segundo Serra, "inovação" é sua característica na administração.

O tucano disse que, se eleito, pretende ter uma boa relação com a presidente Dilma Rousseff (PT). No entanto, já cobrou um repasse maior de recursos federais para a cidade. Serra afirmou que o governo federal arrecada cerca de R$ 150 bilhões em São Paulo, mas disse que o retorno é "ínfimo".