Título: PSDB quer nacionalizar campanhas municipais
Autor: Taquari , Fernando
Fonte: Valor Econômico, 31/05/2012, Política, p. A10

Os pré-candidatos a prefeito do PSDB terão a missão de nacionalizar o discurso do partido nas eleições municipais de 2012. Ao abordar temas como segurança e saúde pública na campanha deste ano, os tucanos esperam conquistar o apoio do eleitorado com vistas à disputa presidencial de 2014.

A ideia foi manifestada pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), considerado um dos principais nomes da oposição para a corrida ao Palácio do Planalto. O senador mineiro foi a maior estrela do encontro nacional dos pré-candidatos a prefeito do PSDB nas 100 maiores cidades do país, realizado em Brasília. Também cotado, José Serra, pré-candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, submeteu-se a sabatina do SBT em São Paulo (ver reportagem acima) e não compareceu.

No evento, Aécio cobrou um discurso de homogeneidade do PSDB em relação às questões nacionais. "Temos um projeto nacional. Os pré-candidatos devem falar sobre questões relativas ao financiamento da saúde, ao financiamento da segurança pública, sobre gestão pública de qualidade, além das grandes reformas e dos gargalos que o país ainda não venceu", disse Aécio, que aproveitou o momento para também cobrar um novo pacto federativo e criticar a concentração das receitas tributárias nas mãos do governo federal.

Outra recomendação foi o resgate do legado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, além de ataques mostrando problemas de gestão do PT.

Segundo o presidente do partido, deputado Sérgio Guerra (PE), mais do que ter diretórios em todo o país, é preciso trabalhar a coesão. Ele citou o PT como referência em unidade. "Quando se fala em nacionalizar o PSDB, não é ter diretórios em todo lugar, o fundamental é que o PSDB seja o mesmo em todo lugar, tenha o mesmo discurso."

E completou: "Não tenho a menor simpatia pelo PT. Mas é verdade que se você ouve um petista falar em Florianópolis e outro no Piauí, o discurso pode não ser o mesmo, mas é parecido em virtudes e defeitos. O discurso do PT é o mesmo em todo o lugar", disse.

Para Guerra, o PSDB precisa ter militantes "vivos", capazes de divulgar as bandeiras do partido. Ele creditou a derrota na última eleição presidencial em parte pela falta de empenho da militância.

Guerra destacou ainda que foi preciso a presidente Dilma Rousseff reconhecer a importância do ex-presidente Fernando Henrique para o PSDB ter coragem de explorar isso. O tucano disse que a rejeição aos oito anos de FHC foi insuflada por conta de avaliações de marqueteiros.

"Nas últimas campanhas de presidente, nós fizemos um erro muito forte. No primeiro momento, nos colocamos para baixo, preocupados com a rejeição ao FHC. Nós praticamente escondemos o legado, nas outras campanhas não valorizamos."

Deputado federal e pré-candidato à Prefeitura de Vitória (ES), Luiz Paulo Vellozo Lucas disse para os tucanos evitarem alianças que possam comprometer a gestão. "Se lotearmos as secretarias com aliados para aumentar o tempo de TV, quando chegarmos lá, pagaremos o preço", disse. "Vamos lembrar 2012 como o ano de reação do PSDB", completou.

No encontro, os pré-candidatos receberam dicas de postura para a propaganda na TV. Ao defender que "a forma é mais importante que o conteúdo", o ator Odilon Wagner sugeriu muito treino, engajamento nas mídias sociais e, especialmente, apresentarem um discurso novo, contando histórias de cidadãos que passam problemas antigos e mostrando soluções. (Com agências noticiosas)