Título: Bancos oferecem US$ 30 bi à Vale
Autor: Lucchesi, Cristiane Perini
Fonte: Valor Econômico, 19/09/2006, Finanças, p. C1

A Companhia Vale do Rio Doce já recebeu quase US$ 30 bilhões em oferta de crédito dos bancos para o empréstimo de US$ 18 bilhões que será tomado pela empresa, se for mesmo aprovada a aquisição da canadense Inco. A informação é de José Olympio Pereira, diretor-responsável pelo banco de investimento do Credit Suisse no Brasil, um dos bancos líderes da operação. A idéia, segundo Pereira, é finalizar a operação, o maior empréstimo sindicalizado dos países emergentes, até o dia 4 de outubro.

A fase de distribuição para o atacado, na qual os bancos se oferecem para ficar com valores maiores, entre US$ 1,5 bilhão e US$ 1 bilhão, está concluída hoje, visto que a empresa já tem muito mais dinheiro do que precisa. Segundo o "IFR Markets", o Citigroup, o HSBC, o Banco de Tóquio-Mitsubishi, o BNP Paribas, o Bradesco, o Calyon, o JP Morgan, o Scotiabank, em conjunto com os quatro líderes, ABN AMRO, Credit Suisse, Santander e UBS se dispuseram a ficar com US$ 1,5 bilhão cada. Para esses bancos que vão ficar com US$ 1,5 bilhão, a Vale se comprometeu a pagar uma comissão de subscrição inicial de 3 pontos básicos, mais 4 pontos de comissão de subscrição pela alocação dos recursos mais 25 pontos básicos de comissão de participação - um total de 32 pontos básicos em comissões.

Já para os bancos que ficarem com US$ 1 bilhão do empréstimo, as comissões serão de 2 pontos básicos, 3 e 22,5 pontos básicos, respectivamente, em um total de 27,5 pontos básicos. Se dispuseram a emprestar US$ 1 bilhão, segundo o "IFR Markets", o Banco do Brasil, o BBVA, o Standard Chartered e o Sumitomo. Além desses, outros quatro ou cinco bancos teriam se disposto a participar com US$ 1 bilhão. Depois da fase de atacado, inicia-se a fase de varejo, na qual os bancos que assumiram participação maior no empréstimo vão vender o crédito aos demais. Espera-se que um número recorde de bancos participe da megaoperação.

De prêmio, a Vale se comprometeu a pagar 40 pontos básicos sobre a Libor, taxa interbancária de Londres, no primeiro ano, e 60 pontos básicos no segundo. Mas, dependendo da classificação de risco de crédito que a empresa venha a ter após a aquisição da Inco, esses prêmios podem mudar. Para ratings "A" ou mais, os prêmios serão 35 e 50 pontos básicos, respectivamente. Para ratings abaixo de "A", sobem para 80 e 100 pontos básicos.

Como o empréstimo será de curto prazo - dois anos -, o mercado já avalia quais as operações de captação que serão feitas para substituí-lo. Fala-se no lançamento de bônus de prazos de até 40 anos ou até perpétuos, no total de US$ 10 bilhões, mais US$ 5 bilhão em emissão de ações na área de metais básicos. Não estão descartados novos empréstimos.