Título: Monopólio do IRB reduz o interesse de compra de seguradoras no Brasil
Autor: Silva Júnior, Altamiro
Fonte: Valor Econômico, 19/09/2006, Finanças, p. C2

Atentados terroristas, furacões, novos produtos e legislações mais severas estão forçando as maiores seguradoras americanas e européias a repensar suas operações. Boa parte planeja entrar em novos mercado nos próximos três anos, principalmente por meio de aquisições de seguradoras locais, mostra levantamento da KPMG feito com 148 responsáveis pelas operações de grandes companhias da Europa e Estados Unidos.

O Brasil, porém, não está entre os mercados mais atrativos. A principal razão reside no monopólio no mercado de resseguros, nas mãos da estatal IRB Re. "É um país muito fechado", afirma José Rubens Alonso, responsável pela área de seguros da KPMG no Brasil.

O monopólio, avalia, desestimula a criação de novos produtos, encarece as operações e torna o mercado mais burocrático para as seguradoras.

"Como há predisposição das grandes seguradoras em investir, se o país fizer a lição de casa e resolver alguns pontos, a atratividade fica maior. O Brasil tem potencial enorme de crescimento no setor de seguros", diz. Entre estes pontos, ele cita a melhora dos canais de distribuição, o avanço da legislação, além da abertura do resseguro. Outro fator é uma maior crescimento da economia. "A venda de seguros está muito ligada ao aumento da riqueza", acrescenta.

Dos executivos entrevistados, 52% dizem que pretendem entrar em um novo mercado nos próximos três anos com a compra de uma seguradora local. Outros 50% dizem que a entrada em um novo país pode se dar com a abertura de uma unidade no local.

A ida das seguradoras para outros países, segundo a pesquisa, é uma forma de pulverizar riscos e evitar grandes perdas com catástrofes. Nos atentados terroristas de 11 de setembro, das dez seguradoras envolvidas, apenas duas eram americanas. Cinco eram européias, duas do Japão e uma de Bermudas.

Dentro do processo de reestruturação do setor, muitas seguradoras saíram de alguns países: 71% dos entrevistados disseram que suas seguradoras deixaram algum mercado nos últimos três anos com a venda das operações.

Outras reforçaram a atuação em determinado segmento ou participaram de algum processo de fusão e aquisição. Esta consolidação, porém, está longe do fim: 49% dos entrevistados dizem que este processo vai se acelerar nos próximos três anos; só 8% dizem que vai se desacelerar; outros 38% acreditam que vai continuar nos mesmo níveis atuais.

Sobre a relação com os consumidores, 37% dos entrevistados dizem que precisam melhorar a capacidade de atendimento. Para isso, 35% querem aumentar a qualidade dos serviços telefônicos. A internet também é citada como um canal que precisa ser aperfeiçoado. Para 55% dos que responderam a pesquisa, serviços eficientes de tecnologia da informação são vistos como uma vantagem competitiva.

A terceirização não parece ser uma opção atrativa para as seguradoras: apenas 8% delas dizem que vão terceirizar atividades nos próximos três anos. Já a operação de gestão de recursos ganha cada vez mais peso. De uma atividade criada para ajudar as operações, a área de asset management passou a ser um dos focos. No Brasil, a SulAmérica é uma das poucas seguradoras que também foca na área de gestão de recursos e oferece fundos de investimento para seus clientes. O levantamento foi feito em conjunto com a The Economist Inteligence Unit.