Título: Petista diz que era resistente à aliança com Kassab
Autor: Klein , Cristian
Fonte: Valor Econômico, 01/06/2012, Política, p. A8

O pré-candidato petista à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, indicou ontem sua contrariedade com a aliança entre o PT e o prefeito Gilberto Kassab (PSD) tentada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no início do ano. Com o anúncio de que o ex-governador José Serra (PSDB) entraria na disputa, o prefeito recuou e decidiu apoiar o aliado tucano.

"Em primeiro lugar, eu já achava que Serra sairia como candidato. E em segundo lugar, eu não abdicaria de um discurso de mudança", afirmou o ex-ministro da Educação, durante sabatina do site R7.

A demora do PT em acertar o acordo à época foi apontado por Kassab como um dos motivos que o levaram a fechar com Serra.

A resposta de Haddad foi dada quando questionado se não teria protestado contra as negociações entre Lula e Kassab. O assunto surgiu depois que o pré-candidato do PT tentou explicar por que está tão difícil fechar alianças com outros partidos. Até agora, Haddad está isolado, apesar das tentativas de coligação com legendas alinhadas ao governo federal, como PSB, PCdoB e PR.

"Estamos procurando partidos da base aliada. O Serra fechou com o DEM, o PSD e só. Com o PP ainda não. Em termos de horário [de propaganda na TV] o PSDB sai com dois minutos. Ele precisa de aliança. Mas nós não queremos apoio do DEM, nem do PSD", disse, no que foi logo abordado sobre a tentativa de coligação com o partido de Kassab.

A declaração de Haddad mostra seu desagrado com a política de aliança à direita buscada por Lula, patrono de sua candidatura, num momento em que o ex-presidente tem seu comportamento questionado, em virtude de um encontro com o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes.

O pré-candidato disse não estar preocupado com os resultados das pesquisas de opinião, que lhe dão 3% das preferências, enquanto o patamar mínimo do PT tradicionalmente é de 30%, em São Paulo. Haddad argumentou que esta é sua primeira disputa e é natural que as pessoas demorem a conhecer os concorrentes. O petista lembrou que a única eleição da qual participou foi para o Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito da USP, quando venceu. "Então, é 100% de aproveitamento", brincou.

Na sabatina anterior, o pré-candidato do PMDB, Gabriel Chalita, fez duras críticas e afirmou que a gestão Serra/Kassab foi "muito ruim" para a população. "Não fez um corredor de ônibus; só agora a dívida com o governo federal é paga; há déficit [habitacional] de 3 milhões de pessoas morando em favela; a saúde está falida; e o tempo todo há denúncia de corrupção", disse o deputado federal.