Título: Nissan aumenta importações de carros e investe US$ 150 milhões
Autor: Olmos, Marli
Fonte: Valor Econômico, 20/09/2006, Empresas, p. B10

O câmbio favorável e as vantagens fiscais do acordo de intercâmbio comercial entre Brasil e México, onde a montadora tem uma fábrica, levarão a filial brasileira da Nissan a elevar a importação de veículos no país até 2009. A partir daí, a empresa tem planos de incrementar a atividade na fábrica compartilhada com a Renault, no Paraná.

A estratégia está ancorada num programa que absorverá um total de US$ 150 milhões em investimentos, anunciado ontem pelo novo presidente da subsidiária brasileira da montadora. Na sua primeira aparição pública desde que tomou posse, há seis meses, o engenheiro francês Thomas Besson, disse que a companhia japonesa planeja produzir uma picape de luxo no Brasil.

Mas, antes da produção local esse veículo será importado da Tailândia. O nome ainda não foi definido. Outra importação que a Nissan fará da Ásia é o sedã esportivo Murano, fabricado no Japão. Da fábrica no México virão a nova geração do Sentra - sedã médio já importado daquele país - e o luxuoso hatchback Tiida.

Esses quatro modelos serão lançados entre novembro próximo e o final de 2007. Outros dois veículos, que a Nissan ainda mantém em sigilo, chegarão entre 2007 e 2009.

Besson, um executivo de 33 anos que trabalhava com projetos da Nissan na Europa, foi escolhido para integrar a equipe que atuará na nova fase do grupo Renault/Nissan, preparada pelo presidente mundial das duas companhias, o brasileiro Carlos Ghosn.

Apesar dos planos de expansão anunciados ontem, a Nissan mostra que adota hoje estratégia industrial mais modesta do que a programada na construção de uma fábrica no Brasil.

Durante a inauguração da unidade, em São José dos Pinhais (PR), em 2001, Ghosn anunciou que a empresa deveria definir a produção de um carro de passeio até o final do ano seguinte. Segundo argumentou na ocasião, quando dirigia apenas a Nissan, "não haveria como competir no Brasil sem produzir no país e sem ter um carro popular". Até lá, disse, a operação brasileira se limitaria aos modelos utilitários.

A opção pelos utilitários perdura até hoje. A Nissan opera com participação de apenas 0,5% do mercado brasileiro. Tem planos de chegar a 2,5% até 2009, diz o diretor de vendas, Nélio Bilate. Segundo ele, hoje 15% das vendas, que totalizarão 7 mil unidades este ano, são de modelos importados.

A participação dos importados vai crescer. Mas as vendas e o número de concessionários também. A meta é dobrar o volume de vendas no próximo ano e chegar a 40 mil unidades em 2009. Até lá o número de concessionários - hoje de 60 - também dobrará.

Segundo Besson, as condições econômicas do país revelarão o melhor momento para elevar a nacionalização dos produtos. "Mas eu garanto que isso vai ocorrer." O tamanho do investimento já revela a intenção da companhia. Além do aumento da oferta de modelos, a Nissan pretende reforçar a área de desenvolvimento de produto.

O plano de crescimento da empresa no Brasil chama-se "Shift-mercosul", seguindo a linha da palavra encontrada por Ghosn para dar nome ao plano mundial de revitalização..