Título: Modelo do McDonald's gera dúvidas em investidores
Autor: Silva, Altamiro e Facchini, Claudia
Fonte: Valor Econômico, 20/09/2006, Brasil, p. A6

O novo modelo de negócios que o McDonald's quer implementar na América Latina ainda gera muitas dúvidas para os fundos de private equity que foram procurados pela corporação americana. Entre os investidores que teriam apresentado propostas, segundo o Valor apurou, estão os fundos nacionais GP e Gávea e os estrangeiros Fortress, Accon, AIG Capital, KKR, Capital Group e Axxon Group.

O Advent, que possui um fundo de US$ 375 milhões só para a América Latina, foi procurado mas optou por não participar do processo por considerar que o negócio de fast-food foge do seu foco. O fundo americano acaba de adquirir a Brasif, operadora das lojas "duty free" no aeroportos brasileiros. Todos os fundos que participam da operação estão entre os maiores da indústria. O americano Kohlberg Kravis Roberts & Co (KKR), o maior do mundo, comprou, por exemplo, a Nabisco.

Devido ao fraco desempenho na América Latina, a multinacional decidiu mudar a forma como opera na região. Em vez de ter subsidiárias integrais, a empresa quer implantar na região "licenças de desenvolvimento". O grupo procurou os fundos de private equity para oferecer-lhes essas licenças.

Segundo uma fonte, a McDonald's Corporation enviou uma comunicado aos fundos de três páginas, na qual convida a participar da operação. Mas a carta, de acordo com um dos fundos, não detalha aspectos da transação.

Uma das dúvidas recai sobre a locação dos imóveis onde funcionam os restaurantes. Não se sabe se esses imóveis poderão ou não ser securitizados. "O que eles mandaram foi um 'teaser ' (uma forma de chamar a atenção) superficial e não muito claro", disse uma fonte.

Entre os analistas do setor de fast-food, a grande dúvida é se o McDonald's manterá o sistema de cobrança de taxas de aluguel. Em vez de ser só a número um do hambúrguer, o McDonald's sempre foi considerado também uma grande empresa imobiliária nos Estados Unidos, onde uma importante parcela das receitas da companhia é obtida com o aluguel das lojas.

No Brasil, a cobrança das taxas de aluguel dos franqueados começou a gerar disputas judiciais a partir de 1999, quando os franqueados que tomaram empréstimos em dólar passaram a ter problemas financeiros devido à maxidesvalorização do real. Fontes do setor estimam que o McDonald's tenha desembolsado cerca de US$ 150 milhões para comprar os restaurantes desses 33 franqueados e encerrar os litígios na Justiça.