Título: Corregedor eleitoral abre investigação contra Lula
Autor: Agostine, Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 20/09/2006, Política, p. A7

O corregedor-geral-eleitoral, ministro Cezar Asfor Rocha, determinou, ontem, a abertura de investigações contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo episódio do dossiê contra o candidato tucano ao governo de São Paulo, José Serra. Ele também incluiu o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, o presidente do PT, Ricardo Berzoini, e três acusados de operar o dossiê (Valdebran Padilha, Gedimar Passos e Freud Godoy) nas investigações.

Rocha concedeu liminar na representação feita pela candidatura Alckmin em que se pede o aprofundamento das investigações contra Lula, Thomaz Bastos e Berzoini. O objetivo é a declaração da inelegibilidade do presidente Lula. Ou seja, se a representação for julgada totalmente procedente, no fim do processo, Lula terá o registro de sua candidatura cassado.

"Tenho, pelo menos nessa primeira análise, por inegável a repercussão dos fatos narrados na inicial no processo eleitoral em curso", escreveu o corregedor. Ele considerou grave a acusação de que petistas teriam operado um dossiê contra Serra.

Na decisão, Rocha fez um relatório destacando os principais pontos da representação protocolada pelo PSDB e pelo PFL. O ministro escreveu que, segundo os partidos de oposição, houve um tratamento desigual na condução da investigação do dossiê. O dinheiro apreendido com petistas - e que serviria para pagar o dossiê - não foi mostrado. Por outro lado, as fotos com Serra e Geraldo Alckmin ao lado de deputados envolvidos na máfia das sanguessugas foram amplamente divulgadas. Este tratamento diferenciado teria sido "inspirado" pelo ministro da Justiça, ressaltaram os partidos de oposição.

O corregedor-geral deu cinco dias de prazo para que cada um dos acusados - inclusive o presidente Lula - se manifestem. Mas, reiterou que os envolvidos não estão obrigados a apresentar a sua defesa. Podem fazê-lo se quiserem. Eles serão notificados por facsímile.

Rocha deferiu a liminar pedida pela candidatura Alckmin em três pontos: determinou que se faça cópia do inquérito policial para o TSE; pediu à Polícia Federal que mantenha o TSE informado sobre o andamento das investigações; e determinou que seja periciado o dinheiro encontrado com petistas e que serviria para pagar o dossiê.

O advogado da candidatura Lula, José Antonio Dias Toffoli, afirmou que a representação do PSDB e do PFL "não tem nenhuma condição de sucesso". A representação é "inepta", criticou Toffoli.