Título: Programa de Mercadante vincula Estado à União
Autor: Costa, Raymundo e Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 20/09/2006, Política, p. A8

O programa de governo do candidato do PT em São Paulo, o senador Aloizio Mercadante (SP), busca vincular a administração estadual aos programas desenvolvidos pelo governo federal e é comedido ao prometer mudanças. Como maior novidade, o programa propõe um mutirão de professores na educação para eliminar o analfabetismo dentro da rede de ensino para os alunos acima da primeira série. Segundo Mercadante, pesquisas indicam que cerca de 30% dos alunos passam pelas séries de alfabetização sem aprender a ler ou a escrever. O candidato reproduziu para São Paulo uma promessa do governo federal, que pretende oferecer computadores portáteis para alunos. Mercadante disse pretender gastar R$ 140 milhões ao longo de quatro anos para adquirir 500 mil "laptops".

Essa não foi a única proposta do petista que projeta para São Paulo ações prometidas ou que estão sendo executados pelo governo federal. Mercadante sugeriu a criação de uma mesa permanente de negociação sindical para o funcionalismo, semelhante à instalada no âmbito nacional por Lula.

Na área da saúde, o petista propõe atrelar a estratégia estadual às linhas estabelecidas em âmbito federal. "Mercadante vai prevenir e atender as doenças das pessoas por meio de programas como o Saúde da Família Paulista, fortalecimento da Farmácia Básica e de parcerias com o governo federal para a implementação do Brasil Sorridente, Samu e Farmácia Popular", afirma o texto do programa.

Foco de uma crise que arranhou a imagem administrativa do candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, a questão da segurança ganhou espaço generoso na formulação de Mercadante. O petista sugere a criação de um serviço de inteligência dentro da secretaria e da redivisão dos internos dentro do sistema prisional, que seriam redistribuídos conforme o grau de periculosidade.

Ao comentar o programa, Mercadante mencionou a possibilidade de se implantar um monitoramento eletrônico dos presos em regime de liberdade condicional, que seriam obrigados a usar uma pulseira com rastreador. Segundo o petista, o modelo é usado com sucesso no exterior. "Precisamos trazer esta tecnologia para o Brasil", disse. A proposta, contudo, não consta do texto divulgado.

O programa do candidato procura mostrar-se aberto para uma aproximação com o grande empresariado. Em um ponto que o aproxima do seu maior adversário, Mercadante propõe grandes obras de infra-estrutura em São Paulo, a maioria delas dependendo de parcerias público-privadas para sair do papel. A mais ambiciosa é o trem expresso entre Campinas e São Paulo, que o próprio candidato estima em R$ 2,7 bilhões.

O líder nas pesquisas de intenção de voto, José Serra (PSDB) ainda não apresentou um programa de governo e nem divulgou data para fazê-lo. Em sua página eletrônica, divulgou um conjunto de propostas, a maioria delas mantendo ou ampliando políticas do governo estadual já em vigor. A idéia de maior alcance divulgada pelo tucano é a que estabelece um piso salarial no Estado para o setor privado. Já existe um piso salarial em São Paulo para o funcionalismo. (CF)