Título: CMN decide manter para 2014 a meta de inflação em 4,5% e margem de 2 pontos
Autor: Villaverde , João
Fonte: Valor Econômico, 29/06/2012, Brasil, p. A2

A meta de inflação que o Banco Central (BC) vai perseguir no ano que vem e em 2014 será a mesma desde 2005, de 4,5%. Permanece, também, a margem de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo (iniciada em 2006), que permitiu ao BC cumprir a meta no ano passado, quando a inflação acumulou 6,5%.

A decisão foi tomada ontem pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de forma unânime. De acordo com o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, a meta de 4,5% é a mais adequada para permitir a absorção de choques externos.

Para Holland, a inflação está se desacelerando e está longe de ser o principal problema do país no front econômico - para ele, é a crise internacional. Segundo o secretário, o Brasil apresenta um processo de "desinflacionalização": entre os 12 meses acumulados em setembro do ano passado, e a mesma medida em maio, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu de 7,3% para 4,9%.

O secretário afirmou que o Ministério da Fazenda trabalha com um crescimento econômico acima dos 2,7% registrados no ano passado. Ontem, o BC reduziu sua projeção para o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) no ano, de 3,5% para 2,5%. Segundo o secretário, a Fazenda prefere observar outros indicadores, adicionais aos utilizados pelo BC para verificar os efeitos das medidas de estímulo econômico sobre a atividade.

"A previsão do Relatório de Inflação do Banco Central leva em conta a situação da economia até o momento em que as previsões são feitas. Trata-se uma probabilidade de acontecer. É preciso levar em conta os estímulos adicionais para os próximos meses. O Ministério da Fazenda prefere observar mais outros indicadores. Estamos fazendo esforços para crescer mais que o ano anterior", afirmou Holland.

O governo trabalha para garantir um crescimento do PIB neste ano superior ao verificado em 2011. Holland enfatizou que essa meta será cumprida. "Não é que podemos crescer, nós vamos crescer acima de 2,7% neste ano."

Holland rebateu a ideia de que uma meta de inflação um pouco mais elevada produziria nos agentes uma expectativa de inflação mais alta no futuro. "As expectativas inflacionárias não são construídas por um mero anúncio de regime de metas", afirmou, mas sim "nas planilhas, na economia real mesmo".

Na avaliação do secretário, a economia brasileira tem reagido "cada vez menos" à inflação passada. "A inflação reage cada vez mais às expectativas dos agentes como um todo quanto às perspectivas da economia", disse Holland, que ressaltou, ainda, que "choques de oferta não estão previstos".

No mesmo dia em que o CMN, formado pelos ministérios da Fazenda e do Planejamento e o Banco Central, anunciou a manutenção em 4,5% da meta de inflação para 2013 e sua extensão para 2014, o BC, por meio do Relatório da Inflação, elevou a projeção do IPCA para este ano - de 4,4% para 4,7%, acima, portanto, do centro da meta. Para 2013, a estimativa oficial da autoridade monetária é de 5%.