Título: Kátia Abreu defende reeleição de Dilma
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Fonte: Valor Econômico, 29/06/2012, Política, p. A5

A cerimônia de anúncio do novo Plano de Safra consagrou ontem o movimento de aproximação em direção ao governo promovido pela senadora Kátia Abreu (PSD-TO), presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Antes na linha de frente da oposição aos governos Luiz Inácio Lula da Silva, a parlamentar ocupou lugar de destaque ao lado de Dilma durante a solenidade. Fez um discurso repleto de elogios ao governo e chegou a demonstrar entusiasmo com a possibilidade de a presidente manter-se no poder depois de 2014.

Há alguns anos, era comum ver a senadora Kátia Abreu distribuindo críticas ao governo e cobrando melhores resultados do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), cuja gestão era justamente responsabilidade da então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.

No entanto, diante da vitória de Dilma na eleição presidencial de 2010 e da pressão de segmentos do meio rural por uma melhor interlocução com o Executivo, Kátia Abreu lançou mão de uma estratégia para construir uma ponte com o Palácio do Planalto.

"Quero agradecer a generosidade e a demonstração de desprendimento da presidenta Dilma ao abrir essa oportunidade de dar voz ao campo. É o reconhecimento ao papel do campo na economia nacional, superando preconceitos e incompreensões", discursou a presidente da CNA durante a solenidade. "Neste momento, como representante dos produtores rurais, posso dizer que o governo brasileiro está fazendo bem a sua parte.

Nós estamos obrigados a fazer a nossa: produzir mais para alimentar os brasileiros e para cooperar com o equilíbrio da economia nacional. A senhora está nos dando as condições para cooperar."

No ano passado, Kátia Abreu flertou com o PMDB antes de ajudar a fundar o PSD. Em seu esforço para se aproximar de Dilma, a senadora contou com a ajuda do vice-presidente Michel Temer. Em fevereiro de 2011, pouco tempo depois da posse da nova administração, Temer recebeu de Kátia Abreu um pedido para que intermediasse o contato entre as duas.

A senadora falava como presidente da CNA, não mais como a líder da oposição que chegara a ser cotada para integrar a chapa liderada pelo PSDB na disputa presidencial. Como Dilma havia fixado a meta de acabar com a miséria do país, queria apresentar propostas para incluir pequenos produtores no agronegócio e sugestões de políticas para garantir a sustentabilidade dos preços no setor.

A articulação surtiu efeito. Kátia Abreu foi recebida por Dilma no Palácio do Planalto em agosto do ano passado. Em novembro, estimulada por petistas, a presidente compareceu ao evento em comemoração aos 60 anos da CNA. Lá, Kátia Abreu mobilizou produtores rurais para receber Dilma em clima de festa. A parlamentar teve outra audiência com a presidente em maio deste ano.

Segundo interlocutores das duas, Dilma reconheceu a eficiência e a capacidade que a senadora tem de estudar e se preparar para enfrentar debates. Decidiu dar espaço para tal aproximação depois de ler estudos da CNA sobre produtividade agrícola, extensão rural, a ascensão da classe média rural, proteção de margens de rios e uso da tecnologia para elevar a produtividade e preservar o meio ambiente.

Ontem, em seu discurso durante o lançamento do Plano Safra 2012/2013, Kátia Abreu elogiou os ministros da Agricultura, Casa Civil e Meio Ambiente, além dos programas do Executivo nas áreas da habitação, infraestrutura, qualificação profissional e do papel do Brasil na Rio+20. Afirmou que o plano cria um "novo paradigma" por conter mais verbas, juros menores e prever melhores seguros.

Antes de encerrar sua fala, a senadora entregou a Dilma o primeiro cartão por meio do qual os produtores rurais abastecerão a Plataforma de Gestão Agropecuária (PGA), programa desenvolvido pela CNA em parceria com o Ministério da Agricultura para unificar os sistemas de informação para rastrear o rebanho bovino nacional. "O cartão de número um é de Dilma Rousseff, que tem validade, por enquanto, até 2014", concluiu.