Título: GE Money lança cartão para ampliar crédito
Autor: Carvalho, Maria Christina
Fonte: Valor Econômico, 20/09/2006, Finanças, p. C1

O Banco GE Capital, dono da GE Money, braço de financiamento ao consumo do grupo americano GE, acaba de lançar o cartão de crédito para aposentados e pensionistas do INSS. Com taxa do crédito consignado (2,86%), equivalente a um quarto do juro normalmente cobrado no cartão, isenção de anuidade e desconto dos pagamentos direto na folha de benefícios, o novo produto nasce com a missão de conquistar novos clientes para a GE Money, que pretende dobrar a carteira de crédito neste ano.

O presidente da GE Money, o Ivan Svitek, acredita que o cartão, com bandeira MasterCard, é o instrumento adequado para o banco chegar a clientes das classes A e B, que ainda não tomaram o crédito consignado. "As pessoas que precisavam de dinheiro já pegaram. Um terço dos aposentados já pegou crédito consignado. O boom acabou. Agora o ritmo de crescimento será normal", disse Svitek.

De fato, o empréstimo consignado com desconto em folha de pagamento para aposentados e pensionistas do INSS soma quase 12 milhões de operações desde que passou a ser oferecido, em maio de 2004. Neste período, 6,3 milhões de aposentados e pensionistas pegaram dinheiro dos bancos, totalizando 11,84 milhões de empréstimos, que somam R$ 17,3 bilhões.

Há três anos e meio no Brasil, o executivo de origem checa acredita que há, porém, espaço para crescer entre os beneficiários das classes A e B, que serão mais atraídos pelo cartão de crédito consignado do que pela linha de crédito. No crédito consignado pelo cartão, somente 10% da renda pode ser comprometida com as prestações. Na linha normal, o percentual sobe a 30%.

A carteira de crédito dobrou em 2005 e vai terminar o ano em R$ 1,2 bilhão, prevê Svitek, notando que isso representa um volume alto de contratos porque o ticket médio é de de R$ 1 mil. De acordo com o balanço de junho do Banco GE Capital, a carteira de crédito passou de R$ 434,3 milhões em junho de 2005 para R$ 852,98 milhões em igual mês neste ano.

Além do consignado para beneficiários do INSS e funcionários públicos, o banco faz crédito direto ao consumidor (CDC), cartão de crédito, crédito pessoal e financiamento de veículos.

O Banco GE Capital tem 135 lojas próprias (a GE Money, com 60 a 70 metros quadrados cada uma) e acordos com 10 varejistas de médio porte, 100 corretores e 2 mil revendas de veículos. O banco trabalha com o esquema de "profit share" com a ponta de venda, o que aumenta "a colaboração na redução da inadimplência", disse Svitek. Na ponta da venda estão a revenda de automóveis, o corretor de crédito ou o varejista no caso do CDC ou do crédito pessoal.

Desde o segundo semestre de 2005, o Banco GE Capital notou o aumento da inadimplência. A inadimplência agora diminuiu mas não voltou ao que patamar anterior. A resposta foi aumentar a seletividade na concessão de crédito. Entre as providências tomadas, disse Svitek, estão providências como solicitar mais um número de telefone como referência, exigir mais tempo de trabalho ou de residência. O Banco GE olha as operações por segmento e também por safra, isto é, data em que contratada. "A inadimplência é o maior custo de uma operação de crédito. É a diferença entre ganhar ou perder", disse o presidente da GE Money. "Por isso o cadastro positivo é importante", acrescentou.

A criação do cadastro positivo de crédito deverá favorecer os bancos médios e pequenos, que têm bases de dados reduzidas, e estimular a competição no mercado financeiro, afirmou Svitek. Ele explicou que 90% das pessoas que entram nas lojas da GE Money para tomar um crédito são novos clientes, a respeito dos quais a financeira não possui nenhuma informação. "Temos que sair do zero e levantar todos os dados a respeito da pessoa. Isso tem um custo operacional elevado. Com o birô positivo, esses dados estarão reunidos e disponíveis em um única fonte, que será compartilhada. O risco dos bancos vai diminuir."

A GE Money começou a operar no Brasil em 1998, comprando o Banco Mappin e a financeira Mesbla, de olho no financiamento dos clientes das duas então poderosas redes de varejo, que vendiam juntas US$ 1 bilhão na época, 60% dos quais financiados. As empresas quebraram.

Svitek resolveu, então, recomeçar do zero. Mas ele sabe que "é preciso escala para ganhar dinheiro nesse mercado". E contou que já olhou "dez oportunidades diferentes. Mas, os preços são muito altos e a GE é muito conservadora". No final de 2005, disputou acirradamente o Banco do Estado do Ceará (BEC), arrematado pelo Bradesco. A GE está presente em 50 países no mundo e, na maioria deles, entrou com aquisição. Depois foi crescendo. "Sempre teve alguma coisa para começar".

Como os investimentos continuam pesados, a GE Money ainda não opera no azul. O prejuízo foi de R$ 33,2 milhões no primeiro semestre, o triplo dos R$ 11,5 milhões de igual período de 2005. O patrimônio está em R$ 87,9 milhões.