Título: Países têm de fazer novas concessões para destravar Doha, diz Wolfowitz
Autor: Balthazar, Ricardo
Fonte: Valor Econômico, 20/09/2006, Finanças, p. C2

O presidente do Banco Mundial (Bird), Paul Wolfowitz, disse ontem que os países ricos e as nações em desenvolvimento precisam fazer novas concessões para destravar as negociações da Rodada Doha de liberalização do comércio mundial, suspensas em julho por causa de diferenças em torno de subsídios agrícolas, tarifas e outras barreiras.

Na avaliação de Wofowitz, os Estados Unidos precisam aprofundar os cortes que estão dispostos a fazer em seus subsídios agrícolas, a União Européia tem que baixar as tarifas que protegem seus fazendeiros contra a concorrência estrangeira e países como China, Índia e Brasil devem aceitar uma maior abertura de seus mercados para produtos industriais importados.

"Os países em desenvolvimento também precisam remover barreiras comerciais que tornam mais difícil para países de renda baixa fazer comércio diretamente uns com os outros", afirmou Wolfowitz, em discurso na reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial. "Temos que assegurar que os países mais pobres saiam vencedores [da Rodada Doha]."

Discursos enfáticos em defesa da retomada das negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC) se repetiram com muita freqüência nos últimos dias em Cingapura, onde ministros das Finanças do mundo inteiro se encontraram para a reunião do FMI e do Banco Mundial. Mas o encontro não produziu idéias novas capazes de superar os impasses da Rodada Doha.

O diretor-gerente do FMI, Rodrigo de Rato, também voltou ao tema em seu discurso de ontem. "No comércio, o mundo irá na direção de um maior crescimento e de oportunidades mais amplas, ou irá para trás, para o nacionalismo estreito", afirmou o diretor do FMI. "Não devemos nos iludir sobre a existência de um meio termo confortável." Na avaliação do Fundo, o fracasso das negociações na OMC ameaça atirar o mundo numa fase de intenso protecionismo, em que a imposição de novas barreiras ao comércio e aos investimentos estrangeiros pode travar um dos principais motores da fase prolongada de crescimento econômico que o mundo viveu nos últimos anos.