Título: Revisão para baixo do PIB pelo BC derruba taxas
Autor: Takar , Téo
Fonte: Valor Econômico, 29/06/2012, Finanças, p. C2

Os contratos de juros negociados na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) recuaram ontem em uma sessão influenciada pela divulgação do Relatório Trimestral de Inflação produzido pelo Banco Central (BC). A autoridade monetária cortou a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da economia brasileira para este ano, de 3,5% para 2,5%. A revisão já era esperada pela maior parte dos agentes de mercado. Mas a confirmação da mudança corroborou as posições daquelas instituições financeiras e de investidores que vinham apostando em novos cortes das taxas de juros no Brasil.

Na BM&F, por exemplo, esse reforço de cenário dado pelo BC colaborou para que a projeção de juro para janeiro de 2014 (apurada nos negócios feitos com o contrato DI de janeiro de 2014, o mais movimentado na bolsa), tenha cedido no fim da sessão de 7,94% para 7,89%.

O economista do HSBC, Constantin Jancsó, avalia que de fato o Banco Central reforçou o cenário de que vai cortar a Selic nos próximos encontros do Comitê de Política Monetária (Copom). O banco projeta uma redução 0,5 ponto percentual do juro básico na reunião de julho. E espera mais duas baixas de 0,25 pontos percentual em agosto e outubro, respectivamente, o que levará a Selic dos atuais 8,5% para 7,5%.

O economista-chefe da mesma instituição, André Loes, disse em relatório que a Selic ficará nesses 7,5% ao ano "por um extenso período de tempo".

Mas profissionais de mercado avaliam que o cenário de corte da Selic neste ano e a manutenção do juro básico em patamares baixos ao longo de 2013 já estão nos preços dos contratos negociados na BM&F. Por isso, há pouca margem para lucros nos negócios futuros. O Bank of America Merrill Lynch vê algum prêmio ainda nos contratos futuros da bolsa com prazo a partir de janeiro de 2014. Para a instituição americana, como os juros vão ceder, ainda é o momento de tomar taxa.

Para janeiro de 2017, por exemplo, o contrato negociado na BM&F projeta taxa de 9,39%.

O BofA avalia que essa projeção de queda dos juros se sustenta especialmente porque o crescimento do Produto Interno Bruto brasileiro segue sendo revisto para baixo. No último relatório, divulgado ontem, o banco cortou de 3,4% para 2% a projeção de expansão do PIB local em 2012.