Título: CNBB prega contra o preconceito
Autor: Khodr, Carolina
Fonte: Correio Braziliense, 09/10/2010, Brasil, p. 15

Igreja organiza campanha de conscientização para ajudar doentes na busca por tratamento

Em 2009 foram registrados mais de 37 mil casos novos de hanseníase no Brasil. A doença tem cura e tratamento disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) de todo o país, mas ainda não foi erradicada por falta de informação. Para tentar driblar esses problemas, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) mobilizou 10,2 mil paróquias de todos os estados para esclarecer a população e superar o preconceito e o estigma sobre a doença.

No próximo domingo, dia 10, o Evangelho do dia falará sobre ¿a cura de dez leprosos¿ em uma das peregrinações de Jesus Cristo. A coincidência motivou a CNBB a organizar a campanha de conscientização. Segundo o secretário-geral da CNBB, Dom Dimas Lara, o objetivo é tentar melhorar os índices da doença. ¿Durante as homilias, os padres vão poder falar sobre como identificar precocemente os sintomas da hanseníase e, principalmente, dizer que a doença tem cura¿, explicou.

Coordenador nacional do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), Artur Custódio, destaca a importância em mudar o olhar das pessoas sobre a doença. ¿A hanseníase não é transmitida por um aperto de mão ou um abraço, e, se tratada no início, não deixa sequela alguma¿, explica.

A Pastoral da Criança também se envolveu na campanha, já que 7% dos casos novos da doença registrados no último ano são de crianças. Diretora do Programa Nacional de Controle da Hanseníase, Maria Aparecida Grossi explica que, se as crianças apresentam a doença, significa dizer que adultos sem tratamento estão em convívio com elas. ¿A situação é grave e precisa ser melhorada o quanto antes¿, alerta.

Filhos Entre 1923 e 1986, portadores de hanseníase foram forçados ao isolamento em hospitais-colônias específicos para os portadores da doença. O pânico das pessoas perante a enfermidade, que à época não tinha cura, levou à marginalização dos doentes. Nas colônias, as mulheres que engravidaram tiveram seus filhos retirados do convívio familiar e encaminhados para instituições. No início da década de 1980 foi descoberta a cura para a doença e a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou o tratamento. Mais de 12 milhões de pessoas foram curadas, mas o preconceito ainda persiste em algumas comunidades.