Título: Cachoeira conseguiu um voto pelo habeas corpus
Autor: Basile , Juliano
Fonte: Valor Econômico, 13/06/2012, Política, p. A6

O empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, obteve no Tribunal Regional Federal (TRF) de Brasília um voto para livrá-lo da prisão e para anular as escutas telefônicas que fundamentam inquérito contra ele. Mas, o julgamento não foi concluído porque houve pedido de vista. Com isso, Cachoeira permanece preso e as provas continuam válidas.

O caso deve ser retomado na semana que vem. O voto a favor de Cachoeira foi proferido pelo desembargador Fernando Tourinho Neto, relator do processo. Ele concluiu que as escutas só poderiam ter sido autorizadas após a obtenção de mais indícios de que Cachoeira seria culpado por organizar um esquema de jogo ilegal em Goiás, além de ter supostamente coordenado pagamentos de propina a autoridades e cometido o crime de lavagem de dinheiro. O empresário também teria agido para intermediar negócios de empresas com o poder público.

Thomaz Bastos, que foi ministro da Justiça e advoga para Cachoeira, negou as acusações. "Acredito que essa investigação está completamente esvaziada", afirmou o advogado. Segundo ele, "havia uma porção de possibilidades probatórias que não foram exploradas". "Foram direto naquela que invade a privacidade, que é o grampo", disse. "Nós pedimos a invalidação das escutas telefônicas".

A defesa convenceu o relator do processo. "Não pode haver a banalização da interceptação telefônica para combater o crime", disse Tourinho Neto. Em seguida, o desembargador Cândido Ribeiro pediu vista do processo. O juiz federal Marcos Augusto Souza será o terceiro e último a votar, assim que o caso for retomado. Cachoeira está preso desde 29 de fevereiro, quando foi deflagrada a Operação Monte Carlo da Polícia Federal.