Título: Cartão se expande mais na baixa renda, mostra Ibope
Autor: Silva Júnior, Altamiro
Fonte: Valor Econômico, 21/09/2006, Finanças, p. C4

A baixa renda se tornou um dos mercados de maior crescimento para os cartões de crédito. Nas classes D e E, a taxa de penetração dos plásticos (percentual das pessoas que têm o cartão) subiu de 29% em 2004 para 33% em dezembro de 2005. Na classe C, a expansão foi ainda maior: passou de 44% para 50% no mesmo período. Os dados fazem parte da pesquisa "Cartões de crédito - clientes, estratégias e comunicação" feita pela Ibope Inteligência e que será divulgada nos próximos dias.

Apesar do crescimento, os números mostram que ainda há potencial de expansão para a baixa renda, avalia Alexandre Umberti, coordenador de análise do Ibope. "É onde há mais espaço para crescer", diz.

Nas classes A e B, a taxa de penetração é maior quando comparada com outras classes: 66%. Foram as pessoas de mais alta renda os primeiros alvos dos emissores de cartões, indústria que começou a crescer forte com o início do Plano Real. Puxado pela alta renda, o setor vem apresentado taxas de crescimento anuais na casa dos 20% nos últimos anos. Mais recentemente, com a saturação do crescimento nas classes A e B, a baixa renda passou a ser o principal alvo.

Dos 68 milhões de cartões de crédito no Brasil hoje, 15 milhões estão com pessoas com renda mensal abaixo de R$ 500. Em 2000, eram apenas 5 milhões. Em 1987, para ter acesso a um cartão de crédito, a renda mínima era de cinco salários mínimos. Hoje, com renda de R$ 200 (quase metade do salário mínimo, atualmente em R$ 350) já é possível ter um cartão de crédito, muitas vezes, sem cobrança de anuidade.

A pesquisa do Ibope foi feita com 16 mil pessoal em 11 regiões metropolitanas do Brasil (entre elas, Fortaleza, Brasília, Belo Horizonte e interior de São Paulo). Ela também avaliou a base de clientes dos oito maiores emissores de cartões no país. Segundo Umberti, foram encontradas diferenças significativas de perfil dos clientes de cada banco.

Santander, Banco Real e Unibanco são os emissores que possuem os clientes mais elitizados. Já Bradesco e Caixa Econômica Federal têm presença forte de pessoas de renda menor. No Santander, por exemplo, 59% dos clientes com cartão de crédito pertencem às classes A e B. Na Caixa, o percentual é de 35%. No Unibanco, 57% dos portadores dos plásticos têm DVD; no Bradesco, o percentual é de 47%.

Outro dado que indica presença maior da alta renda em alguns bancos são os computadores ou notebooks. No Banco Real, 62% dos clientes da base de cartões têm esses aparelhos. Na Caixa, são apenas 34%. Ainda na Caixa, 74% dos clientes de cartão de crédito têm conta-corrente. No Real, o percentual sobe para 91%.

O setor de cartões (incluindo emissores e bandeiras, inclusive a American Express, comprada este ano pelo Bradesco) investiu R$ 395 milhões em publicidade no ano passado. Mais da metade destes gastos foram feitos pelas bandeiras (Visa, MasterCard e a Amex). Entre os emissores, a Credicard foi a campeã em gastos, com 13% deste total. Em seguida aparece o Banco do Brasil, com 11,8% e o Bradesco, com 4,5%.